Brasil: 13% dos casos de câncer de mama em 2020 poderiam ter sido evitados, diz Inca
Pesquisa aponta que inatividade física e má alimentação são grandes fatores de risco

Foto: Getty Images via BBC
Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) apontou cerca 8 mil (13%) casos de câncer de mama em 2020 no Brasil poderiam ter sido evitados se os fatores de risco relacionados ao estilo de vida não tivessem sido reduzidos, a exemplo da atividade física. De acordo com o instituto, a inatividade física soma 5% dos casos de câncer de mama.
A pesquisa "Número de casos e gastos com câncer de mama no Brasil atribuíveis à alimentação inadequada, excesso de peso e inatividade física" foi elaborada pela Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do INCA.
O levantamento faz parte de um estudo mais amplo que estimou o impacto da má alimentação, do consumo de álcool, do excesso de peso, da inatividade física e do não aleitamento materno, em 2008, nos casos de câncer de 2020, e nos gastos de cerca R$ 102 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS), em 2018, que poderiam ter sido poupados.
Em 2019, os gastos do SUS atribuídos ao tratamento do câncer de mama foram de R$ 848 milhões (22,8% dos gastos diretos com o tratamento oncológico de todos os tipos de câncer). A pesquisa estima que nos próximos 20 anos, o número de casos cresça 47% e os gastos federais aumentem em 100%.
Contudo, outros avanços também foram notados. A exemplo da redução do número de mulheres, entre 50 e 59 anos, que nunca fizeram mamografia, de 31,5%, em 2013, para 24,9%, em 2019, conforme o estudo "Rastreamento de câncer de mama no Brasil: resultados da nova Pesquisa Nacional de Saúde".
Entre os compromissos no Brasil na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é a redução do número de mortes por cânceres mais incidentes, como os de mama e do colo do útero. O objetivo é diminuir as taxas do câncer de mama de 30% para 16%, no entanto, as projeções apontam para uma redução de apenas 4%.
Especificamente por região "existe uma expectativa de decréscimo na região Sudeste; no Sul, a gente tem uma estabilidade. A previsão [de mortalidade precoce] e que ela aumente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte”, afirmou o chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede do INCA, Arn Migowski.
Com isso, especialista ressaltam a importância da rotina do autocuidado, com uma alimentação saudável e equilibrada, prática de exercícios físicos, além do autoconhecimento das mamas - com o toque na mama, exames periódicos e mamografia.