Brasil terá Natal com menos importados, diz pesquisa

Dólar valorizou 35% esse ano e dificultou importações

Por Da Redação
Ás

Brasil terá Natal com menos importados, diz pesquisa

Foto: Agência Brasil

De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o natal deste ano no Brasil terá menos produtos importados. A entidade apontou, com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex), que  entre setembro e novembro de 2020, o país importou um total de R$ 1,85 bilhão em produtos tipicamente natalinos. 

Segundo a pesquisa, o  montante representa uma queda de 16,5% em relação aos R$ 2,2 bilhões importados em igual período de 2019. O valor registrado neste ano é o menor desde 2009, quando foram importados R$ 1,55 bilhões em produtos tipicamente natalinos. De acordo com o chefe da divisão econômica da CNC, Fabio Bentes, a alta de cerca de 35% do dólar em relação ao real em 2020, na comparação com 2019, explica a relevante queda na importação de produtos de Natal este ano.

"Podemos seguramente atribuir essa queda à variação da taxa de câmbio", diz Bentes. "Há uma correlação fortíssima entre o movimento do dólar e a importação desses produtos. Então, esse ano, será certamente um Natal com menos importados", disse.

O economista destaca recuo de 52% na importação de pescados, categoria que inclui o bacalhau como principal item nessa época do ano; baixa de 48% nas compras internacionais de carnes processadas; e queda de 48% nas frutas típicas. A exceção na cesta de produtos típicos de Natal foram os vinhos e espumantes, com um crescimento de 23% no valor importado entre setembro e novembro de 2020, em relação aos mesmos meses do ano passado.

Dólar valorizado em 2020

Segundo o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, três fatores explicam a valorização do dólar em relação ao real este ano. "O motivo inicial foi a própria pandemia, que fez com que todas as principais moedas de países emergentes sofressem uma grande desvalorização em relação ao dólar", diz Campos Neto. "Num momento de muita incerteza gerada pelo coronavírus, houve uma corrida dos investidores para moedas mais seguras."

Contudo, ainda segundo o economista, o primeiro pico de contágio e mortes na pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, foi caindo ao longo do segundo semestre, houve queda do dólar lá fora. Mas a queda foi bem menor para o Brasil, com o real mostrando desempenho pior em relação às demais moedas emergentes. "Isso se deveu aos riscos e problemas internos, mais precisamente, às incertezas em relação à sequência da agenda fiscal, que é um grande risco para o Brasil nos próximos anos", disse o economista.

Um terceiro elemento, conforme o analista, é a queda dos juros no Brasil, com a Selic a 2% desde agosto deste ano, menor patamar da história da taxa básica de juros. "O Brasil hoje não é um país que tem uma atratividade para os investidores do ponto de vista de diferencial de juros como já teve no passado. Essa saída de recursos, por conta da queda de juros, também acaba influenciando na desvalorização do real."

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário