Brasileiros passam a atrasar prestação da casa própria e buscam juro menor em cenário de renda em baixa
índice de inadimplência nos contratos com recursos do FGTS subiu para 2,27% em março

Foto: Reprodução/Jornal Contábil
Com níveis recordes de desemprego e perda da renda, mais brasileiros passaram a ter dificuldade para pagar financiamentos imobiliários neste ano. De acordo com os dados do Banco Central (BC), o índice de inadimplência nos contratos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), majoritariamente voltados para moradia popular, subiu de 1,69% em dezembro para 2,27% em março.
O aperto nas contas fez mais pessoas recorrerem à portabilidade, a transferência de dívida para outra instituição, em busca de juros menores. A procura por esse serviço aumentou bastante nos últimos meses. Em março de 2020, foram 3.606 pedidos de portabilidade de crédito imobiliário somando o Sistema Financeiro Habitacional (SFH) e Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).
A planejadora financeira e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Myrian Lund, recomenda a portabilidade para enfrentar as dificuldades nos pagamentos das parcelas, além da renegociação com o próprio banco. Ela destaca que a inadimplência deve cair quando o mercado de trabalho melhorar.
"Onde a inadimplência está realmente assustando e os créditos estão problemáticos é na classe mais baixa, que é a que mais sofreu com a pandemia, porque é a que perde o emprego mais rápido e não tem especialidade, então é a última que volta também.", destacou a professora.
Para o economista Miguel de Oliveira, da Associação Nacional de Executivos (Anefac), o aumento da inadimplência está relacionado a fatores como alta do desemprego, queda na renda e comportamento da inflação. "O momento é de cautela. Mesmo com as condições do crédito mais facilitadas, somente quem se planejou e tem uma reserva deve assumir dívida de longo prazo, como financiamento habitacional.", afirmou.