Brasileiros retiraram R$ 30 bi a mais do que depositaram em poupanças somente em 2022
Especialistas destacam que os números são resultado do aumento no custo de vida, por conta da alta inflação

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Um levantamento da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostrou que, com R$ 722,7 bilhões depositados e R$ 753 bilhões em retiradas, as cadernetas de poupança do país perderam R$ 30,7 bilhões apenas em 2022.
Com base em informações do Banco Central, em março, por exemplo, foram R$ 12,5 bilhões a mais em saques do que em entradas e, em abril, até o dia 25, R$ 13,97 bilhões. Especialistas destacam que os números são resultado, principalmente, do cenário econômico de aumento no custo de vida, em consequência da alta inflação.
Para o economista Alberto Ajzental, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apesar do grande número de retiradas, o que poderia indicar uma queda no endividamento, a inadimplência também continua em alta.
Ainda segundo o especialista, esses resultados são intensificados pela inflação, que chegou a 12% no acumulado dos últimos doze meses, e pelo alto índice de desemprego.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios trimestral, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento real médio do brasileiro apresentou um declínio de 8,6% em março de 2022, quando comparado com março deste ano.
“A poupança é um investimento de emergência, ela tem essa característica de ser uma reserva de valor. Se piora a situação, você pode esperar que ela vai ter mais retiradas do que depósitos. E o inverso é verdadeiro”, afirma.
“Se a economia tende a melhorar, as pessoas tendem a poupar mais e fazer uma reserva estratégica para urgência. E elas recorrem a essa reserva quando a economia está deteriorada”, complementa.
Em março deste ano, o Brasil chegou ao nível mais alto de inadimplência desde abril e maio de 2020, com 65,69 milhões de pessoas nesta condição, revela dados da Serasa Experian. Conforme a entidade, o total de dívidas dos brasileiros soma R$ 265,8 bi, com uma dívida média de R$ 4 mil por pessoa com o ‘nome sujo’.