Brasileiros trocam menos de celular devido a crédito caro

Em geral, os brasileiros só buscam um substituto quando seu dispositivo quebra ou é roubado

Por Da Redação
Ás

Brasileiros trocam menos de celular devido a crédito caro

Foto: Reprodução/Freepik

O mercado brasileiro de celulares enfrenta um desafio significativo: convencer os consumidores a adquirir modelos mais caros e trocar seus dispositivos com menos frequência. Antes da pandemia, o tempo médio de troca de smartphones era de até um ano, mas agora, esse período estende-se para 24 meses ou mais. Quando finalmente decidem trocar seus celulares, a maioria dos brasileiros opta por modelos similares ou, se optam por aparelhos mais sofisticados, muitas vezes escolhem dispositivos usados, principalmente das linhas iPhone, da Apple, ou Galaxy S, da Samsung.

Esse cenário é resultado de vários fatores. A escassez de crédito no varejo, juntamente com as altas taxas de juros, contribui para a relutância dos consumidores em comprar um smartphone novo. Além disso, o mercado brasileiro de celulares é considerado maduro, o que significa que a maioria da população já possui um celular. Em geral, os brasileiros só buscam um substituto quando seu dispositivo quebra ou é roubado.

Em 2022, das 30 milhões de unidades de celulares vendidas no varejo, 22 milhões foram substituições por modelos similares e 8 milhões representaram atualizações para dispositivos mais avançados. A pesquisa realizada pela consultoria GfK com 7.784 consumidores ao longo de 2022 revela ainda que 2,5 milhões de unidades foram adquiridas como um segundo aparelho para o mesmo consumidor, e 4 milhões foram compradas para substituir celulares perdidos ou roubados. Apenas 1,7 milhão de aparelhos foram comprados como o primeiro celular em 2022.

No primeiro semestre deste ano, o mercado brasileiro de celulares apresentou uma queda nas vendas no varejo, incluindo modelos 3G, 4G e 5G, com um total de cerca de 14 milhões de unidades vendidas, o que representa uma diminuição de 12,5% em comparação com o primeiro semestre de 2022, de acordo com a GfK. Globalmente, a tendência para este ano também é de queda nas vendas, com uma previsão de redução de 6% em relação a 2022, segundo a consultoria Counterpoint Research. Se esse cenário se concretizar, será o pior resultado em dez anos. Em junho, o Brasil tinha 251,5 milhões de celulares ativos, com uma densidade média de 98,6 celulares para cada 100 habitantes. Em oito estados, há mais de um celular por habitante, com as maiores densidades registradas em São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal.

De acordo com Fernando Baialuna, diretor de consultoria e varejo da GfK para a América Latina, "desde 2019, o mercado brasileiro de celulares amadureceu e chegamos a uma situação em que praticamente toda a população tem smartphones". Isso tem levado a um aumento no tempo médio de troca de smartphones, com a maioria dos brasileiros trocando seus aparelhos apenas quando eles apresentam problemas. Os celulares simples, sem acesso à internet, representam uma parcela cada vez menor das vendas no país. Dos 9,95 milhões de celulares vendidos no primeiro trimestre de 2023, apenas 433 mil foram celulares simples, uma queda de 19,3% em relação ao ano anterior, de acordo com a IDC Brasil.

No primeiro trimestre, o preço médio de um celular simples foi de R$ 168, enquanto um smartphone custava em média R$ 1.589. A faixa de preço mais vendida foi a de R$ 700 a R$ 999, representando 26% do total das vendas. Apesar disso, os valores estão distantes dos preços anunciados para modelos topo de linha, como o Galaxy S23 5G, da Samsung, que começa em R$ 5.400, e o iPhone 14, da Apple, a partir de R$ 7.600. O varejo concentra 90% das vendas de celulares no país. Os 10% restantes são vendas feitas pelas operadoras de telefonia.

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