Briga sobre 'herança racista' na Suécia inclui 9 crânios brasileiros, diz reitor
Prestigiado Instituto Karolinska da Suécia abriga em suas instalações uma macabra coleção de quase 800 crânios humanos

Foto: Reprodução / Ann Gustavsson/Karolinska Institute
O reitor do prestigiado Instituto Karolinska da Suécia, Ole Petter Ottersen, disse à BBC Brasil, que "sob a perspectiva atual, reconheço que uma parte dos 200 anos de história da instituição pode ser considerada racista”.
A instituição que todos os anos elege o vencedor do Prêmio Nobel de Medicina, abriga em suas instalações uma macabra coleção de quase 800 crânios humanos — e nove deles são do Brasil.
Os crânios foram removidos de túmulos em diversas partes do mundo. Eles foram utilizados entre os séculos 19 e 20 pelos cientistas suecos Anders e Gustaf Retzius — pai e filho — em controversos experimentos associados às teorias do racismo científico da época, que preconizavam uma suposta superioridade do homem branco.
"No século 19, professores e pesquisadores do instituto foram influenciados pela ordem colonial dominante. Alguns deles cometeram atos ou expressaram opiniões caracterizadas atualmente como antiéticas, anticientíficas e racistas — algo totalmente inaceitável nos dias de hoje", frisou o reitor
Segundo estudantes da instituição, trata-se de uma "herança racista do Karolinska". Eles exigem não só um pedido público de desculpas, como a remoção imediata dos nomes de Anders e Gustaf Retzius de salas e laboratórios do instituto batizados em sua homenagem.
A revolta estudantil é mais um ato do movimento internacional contra rastros de racismo e colonialismo em universidades e outros espaços públicos, deflagrado na esteira da onda de protestos de 2020 contra a morte, nos Estados Unidos, do afro-americano George Floyd sob o joelho de um policial branco.