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Cenário gamer no Nordeste: conheça os desafios e as perspectivas do setor para os próximos anos

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Cenário gamer no Nordeste: conheça os desafios e as perspectivas do setor para os próximos anos

Região desponta como uma das maiores promessas da área, mas ainda carece de investimentos

Por Otávio Queiroz
Cenário gamer no Nordeste: conheça os desafios e as perspectivas do setor para os próximos anos
Foto: Reprodução/Internet

Arenas e estádios lotados, torcidas apaixonadas cantarolando cânticos, atletas vibrando a cada jogada e premiações que ultrapassam a casa dos milhões de reais. Falando assim pode parecer que se trata de uma competição esportiva tradicional, como o futebol, mas na verdade esse tem sido o cenário de outra modalidade que tem caído na graça dos brasileiros: os esportes eletrônicos. 

A brincadeira, que surgiu nos tempos áureos das lan houses,com jovens de todas as regiões se reunindo em um só lugar para jogar, ganhou contorno competitivo e hoje se mostra um mercado em constante expansão e profissionalização. O que antes era casual virou assunto sério, e o que era somente um passatempo hoje é profissão. Além disso, a modalidade também impulsionou o mercado de jogos eletrônicos no Brasil.

E no Dia Internacional do Gamer, celebrado nesta terça-feira (29), o Farol da Bahia traz um panorama do mercado de jogos eletrônicos no Brasil, como a região Nordeste vem explorando essa área e quais são os desafios que a região tem para se consolidar como um grande pólo do setor.

O mercado brasileiro

O Brasil é hoje o 13º maior mercado de jogos eletrônicos do mundo e o 1º da América Latina. Por ano, são movimentados por aqui cerca de US$ 1,5 bilhão, mais do que o dobro se comparado há 10 anos. E as perspectivas são bastante otimistas para o futuro, com a indústria de games tendo um crescimento de 5,3% até 2022, impulsionado principalmente pelos jogos para celulares.

O país conta com um público de quase 76 milhões de jogadores ávidos por novidades. Além disso, dados da nova edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), principal levantamento do setor, 74,5% da população brasileira joga jogos eletrônicos, marca histórica desde o início do estudo. O índice teve aumento de 2,1 pontos percentuais quando comparado ao número de 2021.

Acompanhando o aumento significativo de participantes na comunidade de jogadores e do faturamento do setor no Brasil, também ocorreu um notável crescimento no número de estúdios de desenvolvimento de jogos no país. Nos últimos quatro anos, o Brasil viu um salto de 375 para 1.009 estúdios, representando um aumento substancial de 169%. Esses dados fazem parte dos resultados da primeira edição da Pesquisa Nacional da Indústria de Jogos, conduzida pela Abragames (Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais), em colaboração com a ApexBrasil.

Para o presidente da Abragames, Rodrigo Terra, os números reforçam a consolidação do setor de games no país. "Essa alta mostra que as pessoas passaram a enxergar a indústria de games como uma oportunidade real de empreender e também que elas estão mais confiantes em abrir um negócio na área. Alguns fatores, como crescimento de mercado, consumo de jogos brasileiros e visibilidade da indústria, fazem com que o empreendedor tenha uma maior segurança ", afirma ele.

Diversidade e representatividade

Apesar de ser um dos setores de maior destaque no Brasil na atualidade, ainda existe uma necessidade de promover uma maior diversidade dentro dele. Segundo os dados levantados pela Abragames, aproximadamente 12.441 indivíduos estão envolvidos no desenvolvimento de jogos no país, porém apenas 29,8% desse total são mulheres. É relevante observar que em 2018 esse percentual era de 20%, enquanto em 2014 era de 15%, indicando um discreto crescimento.

Além do mais, mais de metade das empresas de jogos brasileiras, ou seja, 57%, reportam possuir uma equipe de trabalho diversificada, composta por indivíduos transexuais, idosos, estrangeiros, refugiados, pessoas com deficiência, bem como pessoas de descendência negra, parda ou indígena. 

O CEO da Abragames observa que elevar essas proporções relacionadas à diversidade representa um objetivo que a indústria como um todo, especialmente no âmbito da economia criativa, está empenhada em alcançar. Ele ressalta, por fim, que há esforços em curso para aprimorar os processos de recrutamento, a busca por talentos e a compreensão desse cenário.

Embora os números de destaque, o mercado de jogos eletrônicos encontra-se ainda muito concentrado no eixo sul-sudeste. Nos últimos anos, empresas nordestinas vêm tentando reverter esse cenário, promovendo eventos de grande porte que rivalizam com os realizados em outras partes do país.

Dessa forma, o Nordeste, tão conhecido devido à cultura diversificada e rica, tem testemunhado um aumento significativo no desenvolvimento e na competitividade dos eventos envolvendo jogos eletrônicos. Municípios como Recife, Salvador, Fortaleza e Natal estão emergindo como centros proeminentes nesse setor, fomentando o progresso e a profissionalização dos profissionais locais.

Em Salvador, por exemplo, é possível encontrar espaços dedicados aos games, como cybercafés e arenas de eSports. Esses locais proporcionam um ambiente propício para competições, treinamentos e interações sociais entre os jogadores. Além disso, competições locais, regionais e nacionais são realizadas regularmente na cidade, proporcionando oportunidades para que os jogadores nordestinos possam competir e mostrar o seu talento.

Novas profissões e perspectivas

Foi abraçando as oportunidades, inclusive, que o apresentador e criador de conteúdo, Felipe Barreto, também conhecido no mundo dos games como Jonnyzul, tornou-se um streamer profissional. Apesar de só ter se profissionalizado há pouco mais de três anos, a paixão pelo mundo dos games começou desde muito novo. "Eu descobri a minha paixão pelos jogos eletrônicos em 1995, quando comprei o meu primeiro videogame. De lá para cá, passei a absorver o gosto por outras plataformas além do console, como o PC, que além de ter se tornado o meu hobby, me auxiliou a me encontrar profissionalmente".

Para ele, que abandonou um emprego fixo em uma empresa fora do ramo para se dedicar aos jogos, o grande segredo para chegar aonde se deseja é nunca desistir. “Tudo começou quando fiz a apresentação de um evento em 2019, logo depois foram chegando outras oportunidades e eu fui abraçando. Em 2020 eu já atuava como apresentador, streamer e criador de conteúdo em full time. O maior desafio é você ser perseverante, porque não vai ser fácil”, conta.

Hoje, Jonnyzul é um integrante dos "Imundos", um grupo de streamers nordestinos dedicados a produzir conteúdo online para uma audiência de milhões de pessoas. Eles têm como foco principal proporcionar bom humor e piadas para entreter o seu público. Jonnyzul está convencido de que não apenas o estado da Bahia, mas toda a região Nordeste testemunhou uma notável evolução no contexto dos jogos eletrônicos.

"Hoje, nós temos streamers e criadores de conteúdo nordestinos que trazem uma representatividade muito legal para pessoas que moram aqui. É inegável que houve um crescimento absurdo e muitas conquistas boas de uns anos pra cá", aponta ele, que também chama a atenção para o potencial que a região tem e precisa explorar. “Nós temos criatividade, temos força de vontade, temos muitos criadores de conteúdo incríveis, mas acho que é preciso mais união para elevar todo esse potencial. Precisamos colocar mais fé em nós mesmos, só assim vamos mostrar ao mundo tudo o que somos capazes de fazer”, completa.

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