Centenas de crianças foram abusadas secretamente em abrigos de Londres
Uma das meninas chegou a ser estuprada 'mais de 500 vezes', diz relatório
Funcionários públicos e vereadores foram os responsáveis por permitir que mais de 700 crianças em abrigos e orfanatos no sul de Londres fossem vítimas de abusos sexuais e crueldade, segundo revelou um relatório independente divulgado na terça-feira (27). As informações são da BBC News.
O resultado da investigação traz duras críticas aos gestores do bairro de Lambeth, por permitirem que os abusos ocorressem em cinco lares entre 1960 a 1990.
Segundo o texto, os abusadores conseguiram se infiltrar nos abrigos e no sistema de adoção da região. Crianças com menos de cinco anos eram expostas a abusos sexuais.
Uma menina foi estuprada "mais de 500 vezes" por garotos mais velhos, segundo depoimentos. Outra disse ter 8 anos de idade quando começou a ser abusada por um jovem de 17.
A administração local do bairro de Lambeth e a Polícia Metropolitana de Londres se desculparam por não terem dados o suporte necessário e os cuidados às crianças vítimas dos abusos.
Inquérito
Conduzido em meados de 2020, o inquérito examinou cinco casas: Angell Road, South Vale Assessment Center, o complexo Shirley Oaks, Ivy House e Monkton Street.
"Com algumas exceções, eles [funcionários do bairro de Lambeth] tratavam as crianças sob tutela como se fossem inúteis", diz o relatório final. "Como consequência, indivíduos que representavam risco para as crianças foram capazes de se infiltrar em lares de crianças e no sistema de adoção, com consequências devastadoras para a vida toda para suas vítimas."
O texto culpa em parte uma batalha política entre a administração do bairro, tradicionalmente gerido pelo partido Trabalhista, contra o partido Conservador, que dirigia o país na década de 1980.
"Durante esse tempo, as crianças sob tutela tornaram-se peões em um jogo de poder tóxico dentro do bairro de Lambeth e entre o bairro e o governo central", acrescentou o relatório.
Novo pedido de investigação
O relatório pede que a Polícia Metropolitana considere uma investigação criminal sobre por que as alegações sobre abuso sexual feitas por um menino, mais tarde encontrado morto na casa de repouso de Shirley Oaks, não foram repassadas a autoridades pelo bairro de Lambeth, em 1977. A polícia informou que avaliaria esta recomendação.
Shirley Oaks e South Vale foram considerados "lugares brutais onde a violência e o abuso sexual podiam triunfar".
Outra casa, Angell Road, "sistematicamente expôs crianças [incluindo aquelas com menos de cinco anos] ao abuso sexual", apontou o relatório.