Cientistas descobrem marcador biológico que antecipa o diagnóstico de gravidade da Covid-19
Um dos principais pesquisadores afirma que a descoberta pode ser importante também para outras doenças

Foto: Polina Tankilevitch/Pexels
Um grupo de cientistas descobriu um marcador biológico que tem grande potencial para dar prognóstico de gravidade da Covid-19. Na equipe que realizou o estudo, estão também pesquisadores da Fundação Champalimaud.
Em entrevista à Agência de Notícias de Portugal, Lusa, o pesquisador principal, Eduardo Moreno, explica que a estimativa do possível desenvolvimento da gravidade da Covid-19 decorre da presença de um tipo de proteínas presente nas células dos seres humanos, designadas por 'proteínas flower', um sistema descoberto pela primeira vez há cerca de cinco anos e cuja potencial importância se reconheceu também agora para a infeção provocada pelo vírus SARS-CoV-2.
"É um sistema em que as células se comunicam entre si. São as 'proteínas flower' que as células usam para comunicar-se com as células vizinhas e estas eliminam a célula danificada. É como um controle de qualidade do organismo. Quando o corpo é jovem há muitas células boas; quando o corpo vai envelhecendo, a função do sistema de controle de qualidade diminui e o número de células danificadas se acumulam", afirma Moreno, explicando a correlação do agravamento da doença em pessoas mais idosas.
O estudo contou com a participação de cientistas de Dinamarca, Suécia, Estados Unidos, Austrália e Alemanha, e destaca em sua publicação que o potencial deste tipo de proteínas vai além da Covid-19 e pode servir ainda de marcador para outros tipos de doenças.
"Pode ser importante não só para a Covid-19, mas também para outras doenças. Não é específico da Covid-19. Uma pessoa que se sente mal pode ter um alto número de proteínas 'lose'", reforça o estudo, explicando que este tipo de análise é local, necessitando de maior desenvolvimento e de outros tipos de testes para identificar uma possível detecção mais generalizada das proteínas 'flower' no organismo e não somente num órgão, como no caso dos pulmões para a Covid-19.
Os resultados do estudo conduzido por este grupo de investigadores foram publicados recentemente na revista EMBO Molecular Medicine.


