Com aumento da Selic, Brasil passa Rússia e tem o 2º maior juros do mundo
Banco Central aumentou a taxa básica de juros para 6,25% ao ano

Foto: Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, na última quarta-feira (22), pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros. A Selic passou de 5,25% para 6,25% ao ano. É o maior patamar desde julho de 2019. Ou seja, em pouco mais de dois anos. Com esse resultado, o Copom instalou o Brasil na segunda posição no ranking de 40 países por juro real, aquele que supera a inflação e dá alguma compensação ao investidor. Agora, o País paga 3,34% acima da inflação esperada ao final de um ano e desbanca a Rússia para a terceira posição, com 1,87%.
A Turquia, porém, segue firme na liderança e é o país que melhor remunera o investidor, com taxa de 4,96%. O cálculo do juro real, realizado pelo economista-chefe da Infinity Asset, leva em conta a inflação 12 meses à frente, de 5,12%, descontada do contrato de DI, uma das taxas de juros praticadas nos empréstimos entre instituições financeiras, com vencimento em outubro de 2022, de 8,63%.
Juro alto, mesmo acima da inflação, não garante o interesse de investidores. Contudo, o Brasil à frente de 38 países em taxa de juro é relevante e, mantida a estabilidade econômica com metas de equilíbrio fiscal, porque tende a atrair mais dinheiro, algo que o país não pode dispensar em nenhum momento, de acordo com a revista Exame.
Jason Vieira, que faz o monitoramento das decisões de política monetária de 40 economias há mais de uma década, revela, com o ranking global de juros, que a inflação tem surpreendido os bancos centrais. Do elenco de 40 países listados, 33 estão com juro real negativo. “Numa visão mais abrangente, considerando 168 países, 82,7% mantiveram os juros, 14,3% elevaram e 3% cortaram. Entre os 40 países do ranking, 80% mantiveram suas taxas, enquanto 17,5% aumentaram e 2,5% reduziram suas taxas de juros”, disse o economista.
Ainda de acordo com a revista Exame, os juros mais altos já se refletem nos dados de captação da indústria de fundos. Um levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) confirma, por exemplo, a expansão do patrimônio líquido dos fundos de investimentos no país e a participação da renda fixa como uma classe de ativos. Em agosto, a captação líquida alcançou R$ 43,45 bilhões, montante que elevou o ingresso acumulado no ano, excluindo resgates, a R$ 359,23 bilhões e, em 12 meses, a R$ 370,82 bilhões.
A renda fixa agregou, em agosto, R$ 45,4 bilhões, volume superior, portanto, ao consolidado, segundo o Ranking de Administração de Fundos de Investimento por Classe Anbima. As carteiras de ações registraram captação líquida de R$ 459,1 milhões. Em agosto, registraram captação negativa, com resgates superiores às novas entradas, os fundos de Previdência e os FIDCs de, respectivamente, R$ 1,43 bilhão e R$ 5,48 bilhões.
Copom
O comitê confirmou a nova Selic de 6,25% e, no seu comunicado, afirmou que “para a próxima reunião, o comitê prevê outro ajuste da mesma magnitude”. Portanto, 7,25% em outubro.“Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”, disse o comitê. Em uma reunião realizada em agosto, quando elevou a Selic a 5,25%, o comando do BC considerou apropriado “um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro”.


