Com carnaval, onda da Ômicron pode ser mais longa no Brasil do que em outros países, diz especialista
Mesmo sem festas tradicionais, o feriado pode gerar aglomerações, tornando maior o risco de infecção

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Em janeiro de 2021, foi registrado um aumento significativo de novos infectados no Brasil por conta do rápido avanço da variante Ômicron. Porém, com a mesma velocidade em que ela atinge o pico, acontece a queda e, consequentemente, o fim da onda.
"Diferente das outras fases, essa onda não tem um platô. Na velocidade em que sobe, ela não vai ficar parada por muito tempo, criando novos casos. Rapidamente, esgotam os suscetíveis e começa uma virtual queda. A velocidade de subida e a de queda são muito rápidas", diz Renato Kfouri, infectologista e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Essa característica da Ômicron foi verificada na África do Sul e no Reino Unido, os primeiros países a constatarem o crescimento e a queda das infecções pela nova cepa.
De acordo com os especialistas, o tempo do pico de infectados até começar a queda varia entre 25 e 45 dias. No entanto, o feriado de Carnaval, que acontece de 26 de fevereiro a 1º de março, pode atrapalhar a melhora do quadro no país, como alerta a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).
"Apesar de não termos aquelas festas oficiais, há aglomerações, viagens e os momentos em que as pessoas terão maior interação. Não sabemos o efeito que esse aumento de interações terá. Talvez tenhamos mais pessoas infectadas — com isso refletindo em internações e óbitos — e seja uma descida mais lenta do que a vista em outros países", explica.
O Brasil apresenta uma melhora nos índices da pandemia. Conforme uma nota técnica da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da última terça-feira (15), a tendência de ocupação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) para Covid-19 é de queda. Além disso, a média móvel de contaminações está diminuindo há duas semanas.
Porém, a epidemiologista destaca que o pico de mortes ainda não foi atingido. "O pico de óbitos ainda deve acontecer nesta semana, começo da outra. Temos até o início de março para começar a descer o número de vítimas da Covid, uma vez que as mortes demoram um pouco mais a cair", afirma Ethel.
Mesmo com o fim do pico da Ômicron, os especialistas alertam que precisaremos lidar com os efeitos do Sars-CoV-2 por um tempo, e a vacinação é a melhor forma de prevenção dos casos graves e óbitos. "As vacinas possibilitaram que tivéssemos muito menos mortes pela Ômicron", ressalta Ethel.
"Não dá para prever o impacto final dessa variante, quanto tempo vai durar a proteção da terceira dose ou da infecção. Mas estamos em uma pandemia, e hoje o nosso cenário é manter todo mundo o mais protegido possível. No período pós-pandêmico, a gente talvez nem vacine, ou só vacine grupos específicos, ou vacine a cada dois anos, ou anualmente. Nós ainda não sabemos", conclui Renato Kfouri.