Com derrubada do IOF, Governo deve fazer novos cortes no orçamento para equilibrar situação econômica
Apesar do plano de redução de gastos, nova proposta de aumento do número de deputados federais foi aprovado pelo Senado e Câmara dos Deputados, o que deve gerar impacto de R$ 95 milhões por ano

Foto: Reprodução/Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Com a derrubada do decreto presencial que alterou as regras de cobrança do Imposto Sobre Operações Financeira (IOF), no Congresso Nacional, na quarta-feira (25), especialistas apontam que o governo deve aplicar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento, ainda em 2025, para equilibrar a situação econômica.
O Governo Federal previa inicialmente a arrecadação de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões em 2026, com a implementação do IOF. No entanto, com a derrubada da medida, o governo deve estimar outros métodos para aumentar a arrecadação, ou reduzir os gastos.
As constantes mudanças no plano econômico no país, como a implementação e derrubada breve do IOF, causa enfraquecimento da segurança do mercado com a estabilidade fiscal. O sentimento de insegurança impacta na retirada de investimentos do país, além da pressão sobre os juros e alta do dólar.
O economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, afirma que a decisão do Congresso atrapalha o cumprimento da meta de déficit zero, que pretende manter os gastos com despesa e a receita gerada no mesmo nível, sem considerar os juros da dívida.
Galhardo reforça que os planos de contingenciar e bloquear despesas deve ser a medida adotada pelo governo, de modo a cumprir a meta de déficit zero.
Especialistas ainda apontam demais problemas em medidas estruturais que o país enfrenta para garantir a sustentabilidade das contas públicas no médio e longo prazo. Entre elas foram destacadas:
- Fim da correção real do salário mínimo e de remuneração de servidores;
- Mudança de regra de correção do gasto mínimo da Saúde e da Educação;
- Corte das emendas parlamentares;
- Mudanças na Previdência e no Fundeb.
Apesar da necessidade de buscar novos meios para equilibrar a arrecadação financeira do país, o Legislativo brasileiro não atua com medidas que auxiliem na redução de gastos.
Na quarta-feira (26), o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram o projeto que aumenta o número de deputados federais de 513 para 531 a partir da próxima legislatura, que começa em 2027. A proposta deve causar o impacto de, pelo menos, R$ 95 milhões por ano.
Apesar da necessidade de corte de gastos, a própria medida prova que os próprios parlamentares não estão dispostos a reduzir os gastos.
Harrison Gonçalves, membro do CFA Society Brazil, diz que a decisão do Congresso é baseada na idéia de que o governo já possui um nível de arrecadação elevado, e que a principal dificuldade é na redução de gastos, através do corte de despesas e organização das contas públicas.