Condenado para ajudar a condenar

Confira o nosso editorial desta quarta-feira (5)

[Condenado para ajudar a condenar]

FOTO: Reprodução / Instagram / Felipe Neto

Felipe Neto, o youtuber já condenado por disseminar fake news e alçado a novo aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na confecção de Projeto de Lei que promete combatê-las, é mais uma daquelas peripécias que acomete a política brasileira. Escancara um despreparo astronômico de legisladores na tentativa de criar uma agenda contra as fake news.

Em junho, o influenciador digital foi condenado na Justiça a indenizar o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier da Silva, após desmentidas acusações profissionais e pessoais.

É como se Sérgio Cabral e qualquer outra pessoa condenada por corrupção fosse chamado no Congresso para contribuir para um projeto anticorrupção, uma lógica cuja objetividade e parcialidade é um tanto questionável. 

Alguns argumentos de Maia para justificar o convite a Felipe Neto mostra a fragilidade deste movimento.  “Por tudo que você tem sofrido nesses dias, nós vamos acelerar o projeto de combate às fake news”, escreveu no fim de semana passado em suas redes sociais. Parece uma tentativa – indevida e fora de lugar – de ‘vingar’ institucionalmente, o famoso ‘tomar as dores’.

O histórico do rapaz é controverso. São suspeitas, sem dúvida, as intenções de subitamente deixar de ser um influencer infantil e migrar para o universo da política, com um inimigo muito bem definido. 

O lugar de Felipe Neto é no entretenimento digital, enquanto um necessário e urgente projeto de lei para combater fakes news precisa de imparcialidade.

Apesar desta miserável ironia que o Congresso – leia-se Rodrigo Maia – tenta costurar, o outro lado da moeda não fica isenta de fiscalização e punição. O youtuber virou alvo de uma perversa militância digital cujas armas são as mesmas fake news e notícias descontextualizadas, sempre no intuito de desmoralizá-lo, aniquilar sua considerável influência sob aquela parcela da sociedade ‘antigoverno custe o que custar’. De qualquer forma, as críticas devem ser solidificadas em argumentações e fatos, todo o resto é arma de criminoso e do mal caratismo.


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