Coronavírus: Brasil não sabe a cor de 29% dos mortos
Das 9.897 pessoas que morreram até o dia 8 de maio, 2.896 tiveram a raça ignorada

Foto: Reprodução
Após dois meses, desde que o governo de São Paulo anunciou a primeira morte confirmada pelo novo coronavírus, quase um terço da vítimas fatais não tiveram cor nas estatísticas nacionais. Das 9.897 pessoas que morreram até o dia 8 de maio, 2.896 tiveram a raça ignorada na hora do registro, o que equivale a 29%.
Os casos gerais não estavam sendo separados por cor, nos boletins epidemiológicos semanais da Saúde, essas publicações só passaram a ser feitas a partir do dia 11 de abril, quase um mês e meio depois da primeira morte.
Os poucos dados disponíveis indicam que o vírus, que começou atingindo majoritariamente brancos, hoje vitimiza negros na mesma proporção. Os brancos correspondem a 34% das mortes até 8 de maio (3.339 pessoas) e os pretos e pardos, 35% (3.508).
A subnotificação dos dados contraria uma portaria do próprio Ministério da Saúde, publicada em 2017, que diz que “a coleta do quesito cor e o preenchimento do campo denominado raça/cor são obrigatórios aos profissionais atuantes nos serviços de saúde”.
Com a falta das informações, grupos de diversos movimentos negros se mobilizaram para exigir a divulgação da raça, gênero e bairros das vítimas infectadas e mortas. Uma carta foi enviada ao Ministério da Saúde e às secretarias de todos os estados do País.
O mesmo pedido também está protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF), impetrada pelo PT, que fazem parte parte, 22 organizações civis, e em outra ação na Justiça Federal do RJ, protocolada pela Defensoria Pública da União e pelo Instituto Luiz Gama.