Covid-19: elite do futebol brasileiro piora nas finanças em 2020

Segundo o blog do Rodrigo Capelo, as dívidas dos principais clubes chegam a quase R$ 11 bilhões

[Covid-19: elite do futebol brasileiro piora nas finanças em 2020]

FOTO: Infografia

O blog do Rodrigo Capelo, no Globo Esporte, informou nesta terça-feira (8), que o futebol brasileiro passa por uma das crises financeiras mais severas da história devido a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Segundo ele, as dívidas dos principais clubes chegam a quase R$ 11 bilhões.

Além da pandemia, outros dois indicadores apontam para o agravamento das finanças dos clubes. O primeiro é a baixa na arrecadação e, segundo a publicação, a alta do endividamento também contribuiu para o agravamento da situação. No total, as dívidas da elite do futebol brasieliro representam mais do que o dobro do que elas faturaram em toda a temporada. Segundo a publicação, os principais clubes do país arrecadaram R$ 4,67 bilhões no decorrer da temporada passada. Ao mesmo tempo, os endividamentos chegaram a R$ 10,83 bilhões. Os números correspondem à soma dos 20 clubes que disputaram o Campeonato Brasileiro em 2020 e aos quatro promovidos na Série B. De acordo com a publicação, esta é a amostra usada pelo blog todos os anos. No gráfico abaixo, as receitas foram mantidas em seus valores nominais (sem ajuste da inflação), veja:  

A maneira mais simples de compreender o tamanho da crise instalada no futebol brasileiro está na comparação entre receitas e dívidas. O quadro, que vinha se agravando pouco a pouco com o passar dos anos, chegou à pior relação entre esses dois indicadores em 2020.  No ano passado, as receitas foram reduzidas em mais de R$ 1,1 bilhão em relação a 2019. Este número precisa ser compreendido com cautela, no entanto, porque a pandemia causou algumas anomalias neste mercado. Uma vez que as competições foram adiadas e concluídas somente em 2021, pelo menos as mais relevantes do ponto de vista financeiro, parte desta redução no faturamento não se trata de dinheiro perdido, e sim de receitas que serão contabilizadas nos balanços referentes a 2021.

Por outro lado, houve perdas relevantes em relação às receitas de estádio. O recomeço dos campeonatos com portões fechados tirou dos clubes quase a totalidade do que aguardavam na venda de ingressos.

Em linhas gerais:

-Os direitos de transmissão recuaram em 2020, porém essa diminuição se explica pelo adiamento de valores relativos a Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil para o exercício de 2021
-A área de marketing e comercial continua estagnada, com valores praticamente iguais aos que tinham sido contabilizados no ano anterior. Ela inclui patrocínios, publicidades e licenciamentos
-Em torcida e estádio, houve o recuo mais significativo de todos. Em 2020, a redução em relação à temporada anterior foi superior a R$ 360 milhões. Neste item, entram bilheterias e associações
-A linha reúne receitas com esportes olímpicos, loterias e outras não especificadas pelos clubes em seus balanços. Ela não tem relevância para o negócio como um todo, mas compõe o gráfico
-Nas transferências de atletas, houve um recuo próximo a R$ 50 milhões na comparação com o ano anterior. Baixo demais para que se possa dizer que a pandemia e crises externas tenham prejudicado

-Em outra linha de raciocínio, os dados permitem encontrar a variação real das receitas do futebol brasileiro. Este é um cálculo um pouco mais complexo, mas não muito, fundamental para que se tenha uma noção sobre o crescimento ou o encolhimento do mercado.

-Recapitulando uma noção da economia: como a moeda vai perdendo poder de compra, conforme preços em geral sobem, é importante que comparações em séries históricas tenham valores corrigidos por um índice de inflação. Para que a comparação esteja correta.

-Corrigir o faturamento do futebol brasileiro por meio do IPCA, considerado a inflação oficial do país, faz com que todos os números sejam trazidos a valor presente – especificamente, ao valor de dezembro de 2020. Daí, então, é possível notar o crescimento real do mercado.

 

 


Comentários