Cresce o número de jovens com trabalho informal na Bahia
Em Salvador, jovens buscam alternativas de trabalho com vendas de alimentos, motoristas de aplicativo e entregadores de alimentos

Foto: Osvaldo Marques / Farol da Bahia
Cresce o percentual de jovens que trabalham informalmente na Bahia, aponta uma pesquisa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). De acordo com o levantamento, a falta de oportunidades de trabalho na Bahia fez com que os jovens procurassem a independência econômica através das atividades profissionais por conta própria (sem carteira assinada).
Entre as atividades que mais se desenvolveu, segundo os dados da SEI, destaca-se a venda de marmitas e motoristas de Uber. Nas regiões onde o fluxo de pessoas que trabalham em escritório é maior, a quantidade de pessoas que trabalham com comida tem aumentado bastante, sugere o levantamento. Na avenida Tancredo Neves, por exemplo, aumenta a cada dia.
Em 2018, de acordo com o boletim da SEI, o estado gerou novos postos de trabalho (elevação de 1,7% em empregos com carteira assinada em relação a 2017), mas, ainda assim, encerrou o quarto trimestre com 17,4% de desocupação. A taxa é superior à do Brasil (11,6%) e à do Nordeste (14,4%) – que já é a mais alta entre as regiões brasileiras, o dobro da região Sul (7,3%). Só em Salvador trata-se de meio milhão de desempregados.
No setor privado na capital, em relação ao 4º trimestre de 2017, houve perda nas vagas com carteira assinada (-1,9%, redução de 14 mil empregos) e aumento de postos sem carteira (15,2%, um acréscimo de 15 mil empregados). A Bahia se manteve com a segunda maior taxa de subutilização no país (que inclui pessoas com insuficiência de horas trabalhadas) e o maior contingente de desalentados: pessoas que desistiram de buscar emprego somam mais de 800 mil.
Isac Jesus da Silva, 29 anos, é conferente e está desempregado há um ano. Para conseguir pagar suas finanças, passou a trabalhar de forma informal com a venda de alimentos (marmita). “O meio de trabalho estava meio difícil e essa foi a opção que encontrei para ganhar um dinheirinho. Enquanto não aparecer algo melhor, vou ficar por aqui", contou.
Kelly Mota, 27 anos, é formada em administração há quatro anos, mas desde que ficou desempregada, passou a fazer o trabalho de maneira informal com as vendas das “quentinhas”. Kelly afirma que frequenta cursos para se qualificar e conseguir destaque com diferencial. “Estou completando sete meses aqui como autônoma, além disso, sempre vendo salgados em minha casa. Acabei de fazer um curso avançado de informática e vou fazer agora um curso de inglês. Sempre que a gente pode, a gente faz alguma coisa pra vê o que consegue", conclui.
De acordo com a pesquisa realizada nesta sexta-feira (30) pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação caiu de 12,5% para 11,8% na passagem do trimestre encerrado em abril para o terminado em julho, com menos 609 mil pessoas desocupadas. De acordo com o IBGE, mesmo com a queda de 4,6% nesse período, no país ainda tem 12,6 milhões pessoas em busca de trabalho. Esses são os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
No trimestre encerrado em julho, o total de empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada atingiu 11,7 milhões de pessoas, o maior contingente da série histórica iniciada em 2012. O aumento em relação ao trimestre anterior foi de 3,9%, o que representa 441 mil pessoas nessa categoria. Já em relação ao trimestre encerrado em julho do ano passado, a elevação foi de 5,6%, um adicional de 619 mil pessoas.
Outro fator relacionado à informalidade são os trabalhadores por conta própria, que também atingiram o maior patamar da série: 24,2 milhões de pessoas. O crescimento registrado foi de 1,4% na comparação com o trimestre anterior (fevereiro a abril de 2019), significando mais 343 mil pessoas neste contingente. Em relação ao ano anterior, o indicador também apresentou elevação (5,2%), um adicional estimado de 1,2 milhão de pessoas.