Crise hoje é bem pior que de 2008, Brasil deve demorar mais para sair dela
Especialistas afirmam que resposta do país está lenta

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A crise econômica provocada pelo coronavírus é a mais grave já enfrentada por governos, famílias e empresas em todo o mundo, essa é uma afirmação feita por economistas de diferentes segmentos de atuação. As necessárias medidas de isolamento social para conter a doença já provocam um impacto sobre a atividade produtiva, o emprego, e o consumo mais amplo e mais intenso que o enfrentado pelo planeta em 2008.
De acordo com o economista Roberto Troster, ex-economista chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a crise de 2008 foi um problema de quantidade de dinheiro em circulação. Quanto menos dinheiro circulando, menos recursos disponíveis para investimentos e consumo. "Temos claramente agora um evento que podemos classificar como cisne negro (termo usado na economia aplicado para eventos inesperados)", disse Troster. Segundo os especialistas, estas são diferenças fundamentais entre as duas crises:
- 2008: origem num setor e num país: o mercado financeiro imobiliário dos Estados Unidos. Só depois espalhou-se pelo restante da economia global, contaminando os negócios por causa de redução de crédito.
- 2020: o problema é sanitário, uma doença sem tratamento testado, e o contágio sobre a atividade econômica em todo o mundo foi imediato e acelerado.
Para conter o vírus, governos determinaram restringiram funcionamento de empresas e circulação de pessoas. A atividade global econômica travou em de semanas. A economia tornou-se fator secundário ante a necessidade de evitar o colapso dos sistemas da saúde. Em 2008, houve falta de crédito, agora o contágio é a mais pura falta de dinheiro. Os economistas destacam que as dificuldades do Brasil até agora são:
– Os juros já estão baixos, e não há muito o que o Banco Central possa fazer em termos de reduzir a Selic (taxa básica de juros) para estimular o crédito, os investimentos e o consumo.
– As contas públicas estão piores do que há dez anos, o que também limita o espaço para o governo irrigar a economia com dinheiro.
– A retomada econômica do Brasil em 2008 foi feita com gastos e créditos bancados pelo governo. Foi uma estratégia que anos depois acabou fragilizando as contas públicas. Hoje, o governo já está gastando muito mais que arrecada.


