Custo de UTI Covid-19 sobe 187% e planos de saúde 'ameaçam' aumentar mensalidade
Em média, um paciente internado na UTI infectado pelo coronavírus custa R$ 97.300

Foto: Agência Brasil
Uma pesquisa da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que reúne as 15 maiores operadora de plano de saúde no Brasil aponta que cada paciente com Covid-19, internado em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de hospitais que atendem a convênios médicos, quase triplicou, com aumento de 187%, desde o início da pandemia.
A entidade diz que esse aumento deve encarecer as mensalidades dos planos de saúde em 2022. Essa aumento é criticado pelo professor e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Mario Scheffer, para quem a "ameaça" de aumento desconsidera a estagnação econômica brasileira em plena pandemia.
A FenaSaúde diz que a alta do custo da internação se deve ao "aumento da demanda [mais pacientes doentes], dos poucos fornecedores, aumento de custos logísticos, incertezas na economia brasileira e, principalmente, aumento do dólar".
Já Scheffer diz que o custo individual aumentou porque "o tratamento do internado com Covid-19 evoluiu". "Os protocolos na UTI mudaram, medicamentos e procedimentos foram incorporados. Quando recomendado, o tempo de diálise, por exemplo, aumentou", afirma.
Segundo o levantamento, um paciente infectado pelo coronavírus que precisou ser internado pelo convênio em UTI em março do ano passado custou R$ 34.200 em média. Esse valor foi crescendo ao longo dos meses até chegar ao pico de R$ 98.300 em agosto deste ano, com pequeno recuo em setembro. Agora um paciente internado em UTI custa aos planos R$ 97.300.
Neste período, segundo a entidade, o tempo médio de internação também aumentou. Em março de 2020, os pacientes permaneciam cinco dias em UTI contra oito em setembro de 2021. "A maior quantidade de dias de internação foi constatada em fevereiro e maio de 2021, com 14 dias em média", afirmou Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, em entrevista ao UOL. Com isso, cada paciente custou em setembro R$ 12 mil por dia aos convênios.
A presidente da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), Suzana Lobo diz que o aumento no tempo de internação também pode ser justificado "pela maior disponibilidade de leitos nos hospitais, que, com mais tranquilidade, não teriam tanta urgência em liberar leito de UTI para novos pacientes".
De fato, os dados indicam que o volume de internados na rede particular vem caindo. O pico foi em março deste ano, quando 336 pessoas foram tratadas em UTI para cada 100 mil beneficiários de planos. Hoje essa relação é de 122, redução contínua desde maio.