Datafolha: quase 60% dos brasileiros dizem ter vergonha dos ministros do STF; 30% dizem ter orgulho
A pesquisa entrevistou 2.004 pessoas em 136 municípios em 10 e 11 de junho

Foto: Fellipe Sampaio/STF
Mais da metade dos brasileiros diz ter vergonha dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), aponta pesquisa Datafolha. Segundo o instituto, o índice daqueles que declaram ter orgulho do tribunal é de 30%, enquanto o de vergonha bate em 58%.
A pesquisa perguntou aos entrevistados se eles tinham "mais orgulho do que vergonha ou mais vergonha do que orgulho" de uma série de instituições, grupos e pessoas.
Os três Poderes amargaram índices de vergonha similares, com 56% declarando o sentimento a respeito do presidente Lula (PT), 58% pelos deputados atuais, e 59%, pelos senadores.
O Datafolha entrevistou 2.004 pessoas em 136 municípios em 10 e 11 de junho. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O STF ganhou protagonismo nos últimos anos ao realizar julgamentos de políticos, como mensalão e recursos sobre a Lava Jato, e de temas controversos na opinião pública, como o aborto de fetos anencéfalos, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e outros.
Alguns de seus ministros enfrentaram desgaste ao participar de eventos no exterior bancados por empresários e foram alvos frequentes de ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em decorrência de decisões tomadas durante a pandemia de Covid e, no caso de Alexandre de Moraes, da condução de inquéritos que investigam atos antidemocráticos.
O ex-presidente também foi declarado inelegível em 2023 pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com dois votos de ministros que também atuam no STF, Moraes e Cármen Lúcia.
Não à toa, o índice de vergonha ou orgulho dos magistrados da corte é fortemente alinhado à preferência político-partidária dos entrevistados.
Entre apoiadores declarados de Bolsonaro, réu em ação penal que está sendo julgada pela Primeira Turma da corte, que analisa a participação do ex-presidente na trama golpista para mantê-lo no poder após as eleições de 2022, o índice de vergonha em relação ao tribunal chega a 82%. Nesse grupo, só 12% se declaram orgulhosos dos ministros.
Já entre os eleitores do presidente Lula, os ministros têm maioria de orgulhosos: são 52%, contra 36% que dizem ter vergonha. Aqueles que não sabem somam 12%. Da mesma forma, os ministros são mais aprovados por aqueles que consideram o atual governo ótimo ou bom, fatia em que 57% se declaram orgulhosos do STF. Já entre os que consideram a gestão Lula ruim ou péssima, esse número despenca para 10%.
A maior taxa de vergonha aparece entre os que declaram ter preferência pelo PL, batendo em 91%, contra apenas 5% de orgulho. Entre os que preferem o PT, o orgulho supera a vergonha, mas com diferença bem menor: 53% contra 36%.
A popularidade dos ministros também é inferior entre os evangélicos. Nesse grupo, 66% dizem ter vergonha dos magistrados, e apenas 22% declaram orgulho. Entre os católicos, os envergonhados caem para 56%, e os orgulhosos sobem para 33%.
A polarização pronunciada entre eleitores do PT e do PL não se repete nos índices relacionados a outra instituição: as Forças Armadas. De acordo com o Datafolha, 55% dos brasileiros têm mais orgulho do que vergonha dos militares, e 36%, o contrário.
Os números das Forças Armadas ficam dentro da margem de erro quando se comparam eleitores dos partidos de Lula e Bolsonaro. No primeiro caso, 52% dizem ter orgulho da instituição, e, no segundo, são 54%.
A diferença é um pouco maior entre os eleitores declarados de cada um dos políticos em 2022, com 51% dos eleitores lulistas declarando orgulho contra 60% dos bolsonaristas.
O Datafolha mostra que os militares têm prestígio entre os mais jovens. A faixa etária de 16 a 24 anos teve a maior taxa de orgulhosos, com 65%.
O sentimento de orgulho vai caindo nas faixas etárias seguintes. O menor índice de orgulho está entre a população de 60 anos ou mais, com 46%. Já o maior patamar de vergonha das Forças Armadas é daqueles que têm entre 45 e 60 anos, batendo 43%. Nesse grupo, a aprovação aos militares é de 49%, e 9% dizem não saber.