A Black Friday deste ano foi a décima realizada no Brasil e já virou uma data emblemática ao comércio nacional, quando o varejo supostamente oferece produtos com descontos, dos “encalhados” a itens de saída ordinária. E mesmo com o número cada ano maior de reclamações e processos contra propagandas enganosas ou aplicativos que falham justamente durante a promoção, a população ávida pelo consumo ainda se sujeita a enfrentar longas filas, ficar no meio de confusão generalizada e perder valiosas horas da sexta-feira buscando algo para comprar.
Ontem, ao menos três vídeos de tumultos em Black Fridays circularam pelas redes sociais. Um horror, pessoas brigando sabe-se lá o porquê no meio da loja, objetos atirados ao ar, idosos caindo em meio à correria de consumidores no abrir das portas de lojas e até seguranças participando da baderna, com celular em mãos e riso no rosto para filmar o desespero em tentar achar uma boa promoção antes de qualquer um.
Nestas situações, vai-se a cordialidade, o bom-senso e a responsabilidade social: é cada um por si, mesmo que isso signifique o desrespeito descarado do espaço do outro ou até mesmo chegar à agressão física. Tão terrível quanto é cair no endividamento por uma suposta promoção, o que pode comprometer a saúde financeira de si próprio ou pior, da família.
Até às 18 horas de sexta-feira (29), o número de arrependidos com a Black Friday, segundo o Procon, era mais de 320. Entre as reclamações registradas pelo órgão, a mais frequente foi sobre a indisponibilidade do produto ou do serviço, motivo que levou a 88 queixas de consumidores. A segunda foi a maquiagem do desconto [quando o desconto oferecido sobre o preço do produto não é real], com 76 reclamações; seguida pela mudança de preço ao finalizar a compra, com 71 queixas.
A data é, sem dúvida, importante ao comércio brasileiro, está praticamente enraizada e a cada ano aparecem novas tendências para abrir as portas com ofertas propagadas como ‘imperdíveis’. Mas será o que o imperdível, mesmo, não passa antes por uma reflexão da real necessidade em se jogar de corpo e alma em algo que certamente vai consumir tempo, paciência e, claro, mais dinheiro do que se pode gastar?