Judy e seu sonho com cavalos  

Confira a nossa crônica deste domingo

Por Erick Tedesco
Às

Judy e seu sonho com cavalos  

Foto: Reprodução

A literatura e o drama formam uma amálgama que, quando bem costurada, ninguém jamais pode negar que são mesmo um par perfeito. Não à toa funciona muito bem no jornalismo para as diferentes frentes do oficio, do cultural ao político.

Quer drama maior do que as ligações às vezes perigosas dos homens públicos diante de uma nação que resiste dia a dia pra não sucumbir?

Em andanças por redações, uma jornalista que conheci há anos gostava de escrever letras de música sobre o desespero que sentia perante o mundo da política. 

Ela era setorista de Câmara e Prefeitura, que mesmo para uma cidade de porte médio do interior, tinha lá suas excentricidades, barbaridades e alguns assuntos nada fáceis de digerir. 

As letras para músicas que nunca existiram rodavam a redação no dia seguinte - chegava quase sempre à mesa do diretor, que seguindo a rádio pião, não reprovava, mas nem sempre amava. 

Ela tinha talento com o jogo de palavra e trabalhava muito bem com o drama, em meio a ironias e sarcasmo. Um recurso jornalístico genial, cujas produções talvez nunca foram oficialmente publicadas - ou cantadas. 

Sem métrica, ela foi demitida da empresa e sua literatura sobre a polícia local virou anedota. Passou mais um tempo, era tratada como lenda - alguns diziam que leram, mas não tem nenhuma em arquivo para provar sua veracidade. 

A verdade, no entanto, é que eram construções modernas dentro de um jornalismo sucateado e dominado por uma velha-guarda presa no tempo. Atemporais, e que poderiam hoje trazer leveza a temas pesadíssimos que ainda rondam os corredores de uma Câmara. 

“Se você está triste com o que viu, vê e escreve”, ela me dizia, “então faça uma letra de música sobre as assombrações e demônios que o atormentam”.

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