Déficit da Previdência tem aumento de 75% e atinge R$ 140 bi durante pandemia
Uma das razões para o resultado foi a antecipação do 13º salário

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Durante os primeiros cinco meses de 2020, o déficit da Previdência quase dobrou em virtude do impacto provocado pela pandemia do novo coronavírus. De janeiro a maio, o resultado entre a arrecadação e o total de benefícios registrou retração de R$ 140 bilhões, um aumento de 75,6% em relação a 2019.
Na comparação com o mesmo período de 2019, antes da reforma previdenciária, o rombo das contas era de R$ 79,7 bilhões. As informações se referem ao RGPS (Regime Geral de Previdência Social), sistema voltado aos trabalhadores do setor privado, e constam do Boletim Estatístico da Previdência Social.
A redução na arrecadação líquida previdenciária, de aproximadamente 30% entre março e abril, e o crescimento da despesa com a antecipação do 13º salário do INSS estão entre os principais fatores para o aumento do rombo.
"A antecipação do abono, autorizada pela Medida Provisória nº 927/2020, tem efeitos financeiros em abril, maio e junho, em decorrência do calendário de pagamentos de benefícios previdenciários do RGPS", afirmou em por meio de nota a Secretaria Especial de Previdência, do Ministério da Economia.
O pagamento dessas parcelas, que geralmente ocorre nas folhas de agosto e de novembro, causou o aumento da despesa no primeiro semestre. Mas, a secretaria afirma que isso não acarretará efeitos no exercício de 2020 como um todo.
"Já se esperava aumento do déficit do RGPS em 2020, decorrentes de aspectos estruturais como o forte crescimento da despesa previdenciária, trajetória a ser mitigada conforme se verificam os efeitos da Nova Previdência", pontua a secretaria.
A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020 já previa déficit de R$ 241 bilhões para o RGPS em 2020, antes da pandemia, ante os R$ 213 bilhões de déficit realizado em 2019. O montante equivale a cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) de 2019.