Foram, ao todo, 244 dias de trâmite no Congresso para que o texto-base da Reforma da Previdência fosse enfim aprovado por deputados e senadores. Os tantos embates em quase 8 meses, às vezes ideológicos, desidrataram a matéria, a deixam diferente do projeto originalmente enviado pelo governo federal, no entanto, ainda com potência fiscal para o país tomar fôlego e melhor desenvolver sua economia nos próximos anos. 

Com a aprovação da proposta que modifica as regras para se aposentar no Brasil, a estimativa é uma economia R$ 800 bilhões aos cofres públicos nos próximos dez anos – a planilha do ministro da Economia, Paulo Guedes, inicialmente aguardava R$ 1,2 trilhão. Poderia ser pior. No início de outubro, o Senado rejeitou cinco alterações sugeridas (destaques) que poderiam reduzir a economia em mais R$ 283 bilhões. 

O importante, vale ressaltar, é que os pontos chaves da Reforma da Previdência foram mantidos: fixação de uma idade mínima e fim da aposentadoria por tempo de contribuição. A partir desta nova configuração, para poder pedir aposentadoria às mulheres terão de trabalhar, pelo menos, até 62 anos de idade, enquanto os homens precisarão de, no mínimo, trabalhar até os 65 anos.

E é pertinente deixar claro: as regras valem para trabalhadores que ainda não entraram no mercado de trabalho. Para quem já trabalha, existem cinco tipos de cálculos, que valerão ao longo dos próximos 14 anos, num momento em que, teoricamente, todos os brasileiros já estarão dentro da nova previdência. 

As duas principais desidratações da proposta do governo, o regime de capitalização e a inclusão de estados e municípios na Reforma, foram as mais complexas e, se aprovadas, mudariam toda a lógica do sistema de aposentadoria do Brasil. Como não seriam mudanças imediatas, menos mal para a expectativa do país avançar contundente a partir da economia gerada pela previdência.