Acordo pela pacificação

[Acordo pela pacificação ]

FOTO: Reprodução/Agencia Lusa

Injustificável o toque de recolher decretado sábado passado no Chile – já foram três, desde então. Entupir as ruas das principais cidades do país de militares e cercear a liberdade dos cidadãos é repressão e opressão típicas de regimes totalitários, mesmo em meio a infortuna onda de depredações e saques dentro de protestos (legítimos e pertinentes), contra uma série de enormes gargalos na política neoliberal da nação andina. 

A lei que congela o aumento da passagem do metro de Santiago foi editada ontem à tarde no Diário Oficial do país, mas a crise instalada há alguns dias no Chile é, principalmente, um levante social contra as diferenças tantas vezes mascaradas e negligenciadas por sucessivos governos há décadas. Não basta colocar tudo na conta do atual presidente, Sebastián Piñera, a história polícia de um país, entre trunfos e desastres, como no Brasil, não é uma narrativa de quatro ou oito anos descolados de tudo mais. 

Mas para quem vive e conhece o Chile, que seja dito: a tida como principal economia da América do Sul é um oásis para os ricos e o pandemônio para pobres. 

Toque de recolher é abusivo. É regredir ao truculento período da ditadura chilena ao comando de Augusto Pinochet, um fantasma que a população chilena quer bem longe. Em três dias se liberdade cerceada, não muito acatada pela população chilena, é evidente que este tipo de medida está longe de ser ideal para reverter o caos instalado. 

Por certo, Piñera reconheceu isso, em partes, e o discurso de ontem à noite na TV mostra que a pacificação será, mesmo, pelo diálogo, pelo louvável reconhecimento, caso verdadeiro e levado a cabo, de que “falou duro” em certos momentos sobre a situação do país, e prometeu um acordo social, com medidas que repensam a economia agressiva e elitista do Chile.

Lá, a força de vontade por mudanças vinda do povo, que conseguiu eleger em 1970 Salvador Allende, é até hoje muito mais contundente do que militares de volta às ruas ou medidas para mantê-lo calado em casa.


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