Desigualdade atende por 30% da mortalidade de crianças de até 5 anos
Conclusão faz parte de novo indicador da Fiocruz

Foto: Reprodução/Anfip
A desigualdade no Brasil é responsável por 30% da mortalidade de crianças de até 5 anos. Esta é uma das conclusões de um novo indicador criado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o IBP (Índice Brasileiro de Privação), que será lançado nesta quinta-feira (3). Ele combina informações como renda, escolaridade e saneamento e correlaciona com dados de saúde, funcionando como um retrato de más condições de vida da população.
"Há uma alta proporção de óbitos atribuídos à desigualdade. Se todos vivessem com o Índice de Privação muito baixo, o número de mortes infantis seria 30% menor", afirma Elzo Pereira Pinto Júnior, pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs), da Fiocruz. O IBP é uma espécie IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), medido pela ONU e que compara a qualidade de vida de vários países, porém mais voltado para saúde.
Ele une renda per capita (proporção da população ganhando até meio salário mínimo), escolaridade (analfabetismo a partir dos 7 anos) e acesso a água e saneamento. "O índice tem extrema potencialidade de identificar as áreas desiguais do ponto de vista da privação material, de identificar as populações mais vulneráveis e direcionar políticas mais equitativas", afirma a Maria Yury Ichihara, vice-coordenadora do Cidacs.
O estudo da Fiocruz mostra ainda que crianças de até 5 anos que moram em bairros, cidades e estados com alto Índice de Privação têm duas vezes mais chance de morrer por doenças infecciosas, como diarreias, do que as que moram em regiões onde as condições de renda, escolaridade e habitação são melhores.