Desligamento do emprego por morte já alcança 88% em 2021, diz estudo
Situação se agrava a partir de março de 2021, quando dobram os registros, acompanhando o aumento da pandemia

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Um estudo da Kairós Desenvolvimento Social a partir das informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, aponta que os desligamentos de funcionários do emprego formal por morte crescem de forma exponencial em 2021, acompanhando a alta de mortes por causa da pandemia de covid-19.
Conforme o estudo, nos cinco primeiros meses de 2021, 46.236 pessoas foram desligadas de seus empregos por esse motivo, o equivalente a 87,63% em comparação ao registrado em todo o ano de 2019, quando houve 52.767 casos.
O aumento também se dá em relação ao ano passado, que marcou o início da pandemia. Os desligamentos de 2021 já representam 72,52% de todos os ocorridos em 2020, quando houve 63.756 casos.
Segundo a pesquisa, em abril de 2020, o número de desligamentos começou a crescer e explodiu em 2021. A situação se agravou a partir de março deste ano, com 11,1 mil, praticamente o dobro em relação ao mês anterior. O recorde mensal da série histórica - iniciada em 2004 - deu-se em abril, com 11,7 mil desligamentos.
O resultado reflete a realidade também fora do mercado do trabalho. O mês de abril de 2021 marcou o recorde de mortes na pandemia, com 82 mil pessoas perdendo a vida.
Para a Kairós, o retrato da pesquisa está relacionado com a pandemia. "Não há nenhum outro fator explicativo para o aumento das mortes a partir do segundo bimestre de 2020. Podem ser vítimas diretas da infecção do vírus ou vítimas indiretas, pelo colapso do sistema de saúde ou receio de comparecimento a postos de atendimento de saúde, por exemplo", afirma.
Funções
A pesquisa mostra ainda que a extrema elevação do número de mortes de trabalhadores se concentra em atividades que exigem contato pessoal e deslocamento dos profissionais, majoritariamente em atividades de baixa qualificação e remuneração.
Motoristas de caminhão foram os mais afetados até maio deste ano, com 2.818 desligamentos por morte, superando todo o ano 2019. Em seguida aparecem as funções de faxineiro - 2.042 casos - e vendedor de comércio varejista - 1.555 casos – m ambos os casos, com números que já se aproximam aos de 2019.