Desmatamento na Amazônia tem menor índice em 11 anos, mas degradação preocupa pesquisadores
Dados do Inpe indicam avanço no controle do desmatamento

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O desmatamento na Amazônia registrou uma nova queda entre agosto de 2024 e julho de 2025, totalizando 5.796 km², de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa uma redução de 11% em relação ao período anterior, quando foram desmatados 6.288 km². É a menor taxa em 11 anos, consolidando quatro anos consecutivos de diminuição na devastação da floresta.
Os resultados, apresentados em coletiva em Brasília, chegam às vésperas da COP30 e foram recebidos pelo governo como um indicativo positivo rumo à meta de desmatamento zero até 2030. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a redução é reflexo do reforço na fiscalização, maior integração entre órgãos ambientais e uso de novas tecnologias de monitoramento.
Apesar da queda expressiva, os pesquisadores apontam um novo desafio: o avanço da degradação florestal, quando há perda gradual da vegetação sem o corte total das árvores. A taxa subiu de 27% em 2024 para 38% neste ano, sinalizando uma mudança no padrão da destruição da floresta.
O secretário de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, destacou que o impacto de queimadas e secas extremas foi determinante nos resultados. Segundo ele, “se não houvesse o impacto do fogo e da seca extrema, teríamos o menor índice de corte raso da história”.
Entre os estados amazônicos, o Tocantins registrou a maior redução, de 62,5%, seguido de Amapá (48,15%), Roraima (37,39%) e Rondônia (33,61%). O único aumento ocorreu no Mato Grosso, onde o desmatamento cresceu 26,05%.
O Inpe também observou uma melhora no Cerrado, onde o desmatamento caiu 11%, somando 7.235 km² no mesmo período. Ainda assim, o bioma segue sob forte pressão da expansão agropecuária e da abertura de novas áreas de cultivo.
O relatório do Inpe será apresentado oficialmente durante a COP30, como parte do pacote de resultados que embasam a criação do Fundo Tropical das Florestas (TFFF), iniciativa brasileira para financiar ações de conservação e restauração de ecossistemas.


