Dia Nacional da Mulher Negra marca luta contra o racismo e sexismo no Brasil
Mulheres negras representam 28,2% da população brasileira

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Em 2021, havia 60.067 milhões de mulheres pretas ou pardas no país. Elas representavam 28,2% da população brasileira (212.650 milhões de pessoas), segundo dados do IBGE, divulgados nesta segunda-feira (22). Apesar do número expressivo, este é o grupo que mais sofre com a desigualdade do país. Em 2014, foi instituído na data de 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra com o intuito de trazer visibilidade a luta contra o racismo e o sexismo.
Tradicionalmente, em celebração ao dia é realizada a caminhada do Julho das Pretas. O ato ficou suspenso por dois anos, devido a pandemia da Covid-19, mas é retomado neste ano. A concentração acontecerá a partir das 14h, na Praça da Piedade e segue até o Pelourinho.
No Brasil, a data homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola e indígena que lutou contra a escravidão. Para a articuladora e mobilizadora do Odara Instituto da Mulher Negra, Márcia Ministra, o dia é de grande importância para os movimentos negros no país.
“Nós mulheres negras coletivamente estamos dando sequência as lutas. Tereza de Benguela lutou contra o racismo e suas mazelas, e hoje damos continuidade. Resistir para existir. "Nossos passos vêm de longe" sendo que a caminhada para nós mulheres negras ainda é longe sendo marcada pela desigualdade de raça, gênero, classe e território”, disse.
A data é comemorada mundialmente como o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha que nasceu do primeiro encontro de mulheres afro-latino-americanas e afro-caribenhas na República Dominicana, em 1992. Foram 300 representantes de 32 países que definiram a data e criaram uma rede para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero.
Mulher negra no Brasil
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a mulher negra está na base da pirâmide socioeconômica. De acordo com o Informativo Desigualdades Sociais por ou Raça no Brasil, divulgado em 2019, 34,7% da população feminina negra está desempregada ou desocupada.
Além disso, a pesquisa afirma que mulheres negras recebem menos da metade do que os homens brancos (44,4%). Este ranking salarial é liderado pelo homem branco, seguido pela mulher branca, e em terceiro lugar aparece o homem negro.
Em relação ao ensino superior, as mulheres apresentem melhores indicadores educacionais que os homens de mesma cor ou raça, mas ainda assim, a taxa de conclusão do ensino médio dos homens brancos (72,0%) é maior que a das mulheres pretas ou pardas (67,6%).
Elas também aparecem em desvantagem em relação a representação, tanto em comparação aos homens de mesma cor ou raça, quanto às mulheres brancas. No ano de 2018, apenas 2,5 % das deputadas eleitorais eleitas eram mulheres pretas ou pardas. O número segue baixo com 4,8% das deputadas estaduais eleitas, e em 2016, 5,0% das vereadoras.
De acordo com o Atlas da Violência, em 2019, 66% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Em comparativos, a taxa de homicídios de mulheres não negras foi de 2,5, a mesma taxa para as mulheres negras foi de 4,1. O que mostra que o risco de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vezes maior.
Tereza de Benguela
Tereza de Benguela assumiu a liderança do quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, após o esposo José Piolho ser assassinado por soldados do Estado. Ela criou um parlamento local, organizou a produção de amas, a colheita e chefiou a fabricação de tecidos que eram vendidos nas vilas.
Benguela liderou o local com mais de 100 pessoas por duas décadas. Não há registros oficiais da sua morte. O Quilombo resistiu até 1770, quando foi destruído pelo governador da capitania Luís Pinto de Sousa Coutinho.
Em 2014, a Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.