Disparada do dólar não está sendo repassada para a inflação no Brasil

Lenta recuperação da economia brasileira e queda das commodities no exterior seriam os motivos

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Disparada do dólar não está sendo repassada para a inflação no Brasil

Foto: Agência Brasil

Os últimos dados da pesquisa Focus revelam que a pressão do câmbio não está sendo repassada à inflação como acontecia no passado. Na semana passada, após o dólar se aproximar de R$ 4,20, a projeção mediana dos economistas pesquisados pelo Banco Central (BC) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a medida oficial da inflação no país, caiu de 3,65% para 3,59% este ano e foi mantida em 3,85% para o ano de 2020. As duas estimativas estão abaixo do centro da meta, que é de 4,25% em 2019 e 4% no próximo ano.

O motivo disso, segundo economistas ouvidos pela revista Exame, é a atividade fraca no Brasil e a queda das commodities no exterior que ajudam a reduzir o repasse da alta do dólar para a inflação. Além disso, a melhora da expectativa inflacionária foi reforçada pelos números mais baixos mostrados pelos IGPs .

O repasse do câmbio está hoje entre 4% e 5%. De acordo com os especialistas, isso significaria que, se o dólar subir 10% em um ano, o impacto sobre o IPCA seria de 0,4 a 0,5 ponto porcentual. Há menos de 10 anos, quando o país vivia o pleno emprego, o repasse era duas vezes maior, perto de 10%. A queda começou a partir da recessão de 2015-2016, seguida pela tímida recuperação atual da economia.

Ainda de acordo com os economistas, apesar da alta do câmbio nas últimas semanas, as projeções de IPCA estão sendo revisadas para baixo em função de deflação no preço dos alimentos, devido à normalização das colheitas e ao início de um período com clima mais estável, mitigando riscos para a oferta que poderiam afetar os preços. Além disso, alguns subitens, como os do grupo de saúde e cuidados pessoais, estariam refletindo um menor repasse de preços aos consumidores devido à fraca recuperação econômica.

Adiamento

A expectativa de que o dólar não mantenha o patamar atual, estaria levando o mercado a adiar o aumento das projeções de inflação. No relatório Focus, a estimativa mediana do câmbio está em R$ 3,85 no fim do ano, bem abaixo do nível atual do dólar.

No final do mês de agosto, após o BC vender dólar à vista, os juros futuros dispararam e o mercado reduziu a precificação do ciclo de queda da Selic diante da percepção de que a autoridade monetária poderia estar preocupada com o efeito do câmbio na inflação. Mas, essa especulação se enfraqueceu recentemente e o mercado recompôs as apostas em um BC mais agressivo.

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