Dívida das empresas abertas cresce 50% em 10 anos e chega a R$ 1,2 trilhões
Levantamento foi feito com 239 empresas não financeiras

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Muitas empresas, incluindo as de grande porte, precisaram recorrer aos bancos e ao mercado de capitais para reforçar o caixa e honrar os seus compromissos para não se perder no endividamento. Segundo um estudo feito para o Estadão pela Economatica, uma empresa de dados de mercado, a dívida bruta das companhias de capital aberto mais que dobrou em dez anos.
De dezembro de 2011 a março de 2021, o total da dívida passou de R$ 486 bilhões para R$ 1.213 trilhão, um aumento de 149,6%. Em relação ao patrimônio líquido, a dívida chegou a 115,4% em março - antes, em 2011, eram 75,9%.
O levantamento incluiu 239 empresas não financeiras, de diferentes ramos de atividade, que divulgaram os balanços do primeiro trimestre deste ano até 10 de maio. Como dívidas da Petrobrás e da Vale, de R$ 404,3 bilhões e de R$ 78,7 bilhões, nesta ordem, no fim de março, provocariam uma forte distorção, como duas companhias foram excluídas da amostra. Se incluída incluída, a dívida bruta total alcançaria R$ 1,7 trilhão, 40% a mais. Em termos reais (descontada a acumulada, de 66,7%), o crescimentos chegou a quase 50%.
Desde 2011, o caixa das companhias, ou seja, o dinheiro disponível para o pagamento de gastos correntes, teve uma redução de 44,1% - o equivalente a 13,6%, em termos reais. Com isso, a dívida líquida (dívida bruta menos caixa), aumentou 325% desde 2011 - 155,4% em termos reais.
“Dá para perceber uma intenção das empresas de fortalecer os seus balanços para enfrentar a crise. O pior de tudo seria morrer por falta de liquidez ”, diz o economista Evandro Buccini, diretor de gestão de fundos de renda fixa e multimercado da Rio Bravo, empresa de investimentos da qual o economista Gustavo Franco, ouvido pelo Estadão.


