Do sensacionalismo à fake news
Confira o nosso editoral desta sexta-feira (24)

Foto: Reprodução
Parte da imprensa brasileira custa a entender o alcance do jornalismo, principalmente em tempos de crise, como essa imposta – mundialmente – pela disseminação da Covid-19. A sede intransigente pelo furo jornalístico causa impactos profundos na economia, com visto ontem com a manchete sensacionalista e mentirosa de um dos principais jornais do estado de São Paulo, ávido por forçar crises imaginárias dentro do Palácio do Planalto – em vão.
Estampar precocemente a demissão do ministro da Justiça Sergio Moro em meio à então suposta exoneração (confirmada hoje) de Maurício Valeixo, agora ex-diretor da Polícia Federal, provocou uma queda brusca na Bolsa de Valores e o dólar chegou a operar acima de R$ 5,50.
Afinal, a notícia tendenciosa causou efeito cascata: centenas de outras mídias simplesmente a tomaram como verdade e a replicaram, inclusive com a mesma soberba implícita no texto de que se tratava de um fato consumado (a saída de Moro do governo).
Não raramente o debate sobre fake news se sobrepõe – ou camufla? – outro inimigo do bom jornalismo, que é o sensacionalismo. É equivocado fazer tudo pela audiência, as consequências do trabalho antiético pode custar caro.
No episódio de ontem, em como a Folha de S. Paulo tornou público o fato da troca no comando da Polícia Federal, é evidente uma conduta tendenciosa, com título mentiroso para ganhar cliques ou simplesmente levar à leitura alarmista. Uma aula de como o sensacionalismo e a fake news, juntas, podem jogar o país ao abismo – econômico e do mau-caratismo.


