De acordo com os dados mais recentes do sistema DataSUS, entre janeiro e novembro de 2020, o Brasil realizou 2.656.660 coletas de sangue. O número é 9,88% menor do que no mesmo período de 2019. 

De acordo com a médica hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue, Cynthia Arrais, a falta do insumo já é o pior momento desde março. "Estamos vivendo o pior momento para a balança de sangue, entre doações e consumo, desde março. No início da pandemia, o desequilíbrio não foi tão grande porque tratamentos, cirurgias eletivas e outras demandas estavam suspensos. Agora, isso se agravou".

Apesar de terem voltado a subir nos últimos meses, de 201 mil em maio para 250 mil em novembro, as doações ainda não superaram em nenhum mês a média de 2019, de cerca de 268 mil contribuições mensais.

Em São Paulo, a Fundação Pró-Sangue não é a única, mas é a principal rede de coleta de doações. Segundo Cynthia Arrais, na rede da entidade os tipos sanguíneos em situação mais crítica de estoque são o B e, principalmente, o tipo O. "Estamos em situação crítica para o sangue O, que é o utilizado em qualquer situação emergencial em que não há tempo de fazer a tipagem, porque qualquer pessoa pode receber". 

Em relação a esses dois tipos sanguíneos, a entidade está operando neste momento "com o que entra, sai". Ou seja, assim que são coletadas, as doações são direcionadas às unidades de saúde de destino.

De acordo com o Ministério da Saúde, "é importante ressaltar que não houve desabastecimento em nenhum hemocentro do Brasil". A pasta atribui ainda à pandemia e a redução da circulação de pessoas a diminuição nas doações de sangue coletadas em 2020.