Em entrevista, psicóloga fala sobre baixa autoestima na pandemia

Laís Ventura afirma que a autoestima é de extrema importância para manter a saúde mental

[Em entrevista, psicóloga fala sobre baixa autoestima na pandemia]

FOTO: Getty Images

Já é comprovado por especialistas que durante o isolamento social, medida necessária para conter a propagação da pandemia, muitas pessoas estão desenvolvendo transtornos mentais. Em uma realidade emergente e necessária, é notório o aumento do debate social sobre a importância de cuidar da saúde mental nesse momento de tão poucas saídas e perspectivas. Nas redes sociais, por exemplo, a discussão sobre a baixa autoestima também tem aumentado. Você sabe o que é autoestima? Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a questão que envolve a  autoestima vai além da aparência física. Autoestima inclui, por exemplo, uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. Dessa forma, o sentimento constante de insuficiência e inferioridade, por exemplo, são na maioria das vezes sinais de baixa autoestima. 

Que atire a primeira pedra quem nunca parou à frente de um espelho e não gostou do que estava vendo. Não gostar da própria aparência de vez em quando é normal, principalmente se tratando das mulheres devido às questões hormonais ligadas a TPM, e pode ser algo válido caso não se torne um problema sério que interfira na autoestima. Entretanto, o maior desafio atualmente é justamente manter essa avaliação subjetiva que fazemos de nós mesmos positiva. De acordo com especialistas, manter a autoestima tem sido complicado durante a pandemia porque, na maioria dos casos, ficar distante do ciclo social interfere na maneira que nos enxergamos e, consequentemente, nas relações sociais que estão diretamente interligadas com a autopercepção. A psicóloga Laís Ventura disse, em entrevista ao Farol da Bahia, que apesar do crescimento da baixa autoestima durante a pandemia, a questão é atemporal. Além disso, ela também explicou o conceito de autoestima e falou como ela se manifesta.

“Acredito que a autoestima é algo atemporal. Independente da pandemia, ela afeta de todas as formas a vida das pessoas. Além disso, a autoestima não diz respeito somente à questão física. As pessoas, em sua maioria, acabam relacionando muito a autoestima ao quesito beleza e não é só isso. A autoestima também fala sobre as questões internas da pessoa, se ela está bem resolvida na vida pessoal dela, por exemplo. Então, a autoestima é uma gama de aspectos que vão além do fisico”, explicou. 

“A autoestima é de extrema importância para a saúde mental. Pessoas com a autoestima baixa muitas vezes manifestam o sentimento de incapacidade, se sentem inferior e demonstram constante medo da rejeição. ‘Mas por que isso?’ Porque muitas vezes a gente está com a visão embaçada e acabamos nos sabotando por isso e não enxergando de fato o nosso valor, as nossas habilidades… A gente não se reconhece. Ninguém é perfeito, cada pessoa tem o seu limite e seu modo de agir. É a partir dessa percepção que entra a autoaceitação, a autoconfiança, o auto-respeito… Tudo isso são fundamentos da autoestima. Então, a autoestima é muito importante para que a gente se aceite da forma que nós somos e, acima de tudo, para que a gente tenha respeito por quem somos”, completou.    

As pessoas como um todo estão em uma busca constante pela integridade física e mental, isso inclui a aceitação pelas pessoas no contexto onde vive. Sendo que, essa atitude reflete ativamente na capacidade de confiar, respeitar e gostar de si mesmo. Contudo, a baixa autoestima é o inverso dessa aceitação sobre si. A baixa autoestima  pode interferir em nossos relacionamentos, desenvolver vícios, depressão, ansiedade, obesidade e diversos outros fatores que prejudicam a nossa qualidade de vida.

Quando procurar ajuda?

De acordo com a psicóloga Laís Ventura, cada pessoa se conhece e de algum modo sabe reconhecer quando está bem ou não. “Quando a pessoa acaba percebendo que não está legal, que tem alguma coisa fora do lugar… Se sente diferente, pra baixo e fora do seu funcionamento normal é indicado que ela procure uma ajuda. Vale ressaltar que as pessoas sentem de forma singular, então essas percepções são diferentes de uma pessoa para outra”, disse.

“O indicado é que essa pessoa procure um psicólogo. Em uma psicoterapia, essa pessoa vai descobrir o real motivo desses sentimentos, vai descobrir o que está por trás disso tudo. Muitas vezes as pessoas chegam no psicólogo com uma demanda e quando a gente vai cavando, trabalhando e fazendo o processo terapêutico acabamos descobrindo que essa tal demanda era apenas a pontinha do ‘iceberg’. Ou seja, tinha muitas coisas por trás desses sentimentos e essa pessoa não estava conseguindo trabalhar ou ter acesso sozinha”, completou. 

“A autoestima é uma avaliação negativa ou positiva que a pessoa faz de si mesma. Ou seja, quase um autoconceito. Nesses casos, o papel da psicologia é tentar entender quais são os motivos para uma baixa autoestima, investigar o que levou essa pessoa a se avaliar negativamente. Muitas vezes esse pensamento negativo não corresponde com a realidade e faz com que a pessoa tenha essa baixa autoestima. A psicologia também pode ajudar a fortalecer aspectos que uma pessoa não consiga ver justamente porque está distorcendo a realidade” concluiu. 

Sinais de baixa autoestima 

-Dificuldade para reconhecer as próprias vitórias e conquistas
-Hábito de sempre encontrar culpados para seus problemas ou erros
-Sensação de incapacidade
-Falta de confiança em si mesmo
-Busca constante por elogios e reconhecimento externo
-Medo da rejeição
-Autossabotagem
-Hábito de se comparar com outras pessoas

Dicas para melhorar a autoestima

-Desenvolva o seu autoconhecimento
-Trabalhe a sua autoconfiança
-Respeite a sua própria história
-Pratique o autocuidado
-Esqueça os padrões
-Evite comparar-se
-Cerque-se de pessoas que te fazem bem
 


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