Em nota de repúdio, bancada de oposição na ALBA compara fala de Jerônimo a discurso nazista
Para o grupo, a sugestão de jogar Bolsonaro na vala é ofensiva, antidemocrática e fere direitos fundamentais

Foto: Divulgação/ALBA
A bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), liderada pelo deputado Tiago Correia (PSDB), comparou nesta segunda-feira (5), em nota de repúdio, a fala do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que sugeriu jogar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e eleitores na vala, a discursos nazistas.
Para o grupo, a declaração é ofensiva, antidemocrática e fere direitos fundamentais, como a liberdade de pensamento e o direito de escolha.
“É inadmissível que, no exercício de um cargo público, cuja principal função é servir e representar todo o povo — inclusive aqueles que pensam diferente —, um chefe do Poder Executivo adote discurso de ódio, segregação e violência simbólica contra parte da população”, diz o texto.
•Diego Castro denuncia Jerônimo Rodrigues ao STF por fala sobre Bolsonaro e eleitores
O bloco reforçou que a democracia se sustenta no dissenso e na convivência pacífica entre ideias divergentes. Ao final, os opositores reafirmaram o compromisso com o Estado de Direito, a liberdade, a dignidade humana e a soberania do voto.
Em conversa com jornalistas na manhã de hoje, Jerônimo se pronunciou sobre o caso, afirmou que as falas foram tiradas de contexto e pediu desculpas pelo termo “pejorativo” utilizado.
Leia a nota na íntegra:
A Bancada de Deputados Estaduais do Bloco da Minoria, representados pelo seu líder, deputado Tiago Correia, vem a público manifestar veemente repúdio às declarações proferidas pelo Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, que sugeriu que todos os eleitores do candidato de oposição à Presidência da República deveriam ser “jogados em uma vala”.
Tal fala, além de profundamente ofensiva, representa uma grave afronta aos princípios fundamentais da democracia, à liberdade de pensamento e ao direito legítimo de escolha de cada cidadão brasileiro.
É inadmissível que, no exercício de um cargo público, cuja principal função é servir e representar todo o povo — inclusive aqueles que pensam diferente —, um chefe do Poder Executivo adote discurso de ódio, segregação e violência simbólica contra parte da população. A retórica utilizada guarda uma perigosa semelhança com práticas totalitárias de regimes autoritários, como o nazismo, em que opositores políticos eram literalmente descartados e jogados em valas comuns.
A História nos ensina o custo de tolerar o discurso autoritário. O Brasil lutou duramente para conquistar a democracia e não podemos permitir que lideranças públicas desrespeitem, banalizem ou ameacem os valores republicanos que sustentam nossa convivência civilizada.
A democracia se constrói no dissenso, no respeito mútuo e na convivência entre diferentes. O discurso que criminaliza ou desumaniza o adversário político não pode e não deve ter espaço no debate público.
Reafirmamos, portanto, nosso compromisso inabalável com a liberdade, a dignidade humana, o Estado de Direito e o respeito à soberania do voto popular — independentemente de em quem tenha sido depositado.
Repudiamos integralmente a fala do Governador e exigimos retratação pública.
Democracia se fortalece com respeito, não com ameaças.
Tiago Correia
Líder do Bloco da Minoria