Em nova rodada de negociações, Rússia anuncia que vai parar de atacar Kiev e arredores
Anúncio foi dado após fim das negociações entre Rússia e Ucrânia em Istambul para tentar chegar a um acordo de paz

Foto: Arda Kucukkaya/Anadolu Agency via Getty Images
As delegações da Rússia e da Ucrânia iniciaram uma nova rodada de negociações nesta terça-feira (29), em Istambul, na Turquia, segundo informações da agência oficial turca Anadolu. Apesar da rodada de conversas terminar sem um “acordo carimbado”, houve avanço: as tropas russas indicaram que irão parar de atacar Kiev e os arredores da capital ucraniana, conforme anúncio do vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, recebeu os negociadores e, em seu discurso, pediu o "fim da tragédia" da ofensiva russa na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro.
As negociações tiveram o objetivo de parar uma guerra que já deixou quase 20.000 mortos e obrigou 10 milhões de pessoas a abandonar suas casas, e ocorreu no Palácio de Dolmabahçe, em Istambul, última residência no Bósforo dos sultões e que também foi a última sede administrativa do Império Otomano; atualmente abriga escritórios da presidência turca.
A Ucrânia impôs dois pontos principais para o avanço das negociações: garantias de segurança e a organização de um cessar-fogo por questões humanitárias.
"As conversas que acontecem agora focam em questões importantes. Uma delas são as garantias internacionais de segurança para a Ucrânia e a segunda é o cessar-fogo para que possamos resolver problemas humanitários que se acumularam no país", disse o conselheiro político do governo da Ucrânia Mykhailo Podolyak. "Com esse acordo seremos capazes de dar um fim à guerra", completou.
Já do lado russo, o negociador Vladimir Medinsky declarou à emissora estatal do país que ambos os lados devem produzir uma declaração conjunta já nesta terça-feira (29). A delegação do Kremlin deve exigir da Ucrânia garantias de neutralidade.
As negociações
Durante a rodada de negociações, a Ucrânia aceitou a exigência da delegação russa de adotar a neutralidade, segundo informaram membros da delegação na saída da reunião. Esse status neutro significa que o país não pode fazer parte de alianças militares, como a Otan, nem hospedar bases militares em seu território.
De acordo com o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, o país apresentou uma proposta de neutralidade aos russos em troca de garantias de segurança. A reunião também discutiu um possível cessar-fogo e a situação da Crimeia.
O principal negociador russo, Vladimir Medinsky, afirmou que iria levar as propostas ucranianas para o presidente russo, Vladimir Putin, e definiu as conversas como “construtivas”. Após a reunião, o governo russo disse que reduzirá drasticamente a atividade militar na capital Kiev e em Chernihiv, no norte da Ucrânia