Empresário turco-brasileiro é preso pela PF após pedido de extradição feito pelo governo da Turquia

A Polícia Federal prendeu, na quarta-feira (30), em São Paulo, o empresário turco-brasileiro Mustafa Göktepe, de 47 anos, em cumprimento a uma ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. A prisão é cautelar, com fins de extradição, a pedido do governo da Turquia, que o acusa de envolvimento com uma organização terrorista vinculada ao clérigo Fethullah Gülen, opositor do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Naturalizado brasileiro desde 2012, Göktepe vive no país há mais de 20 anos, onde constituiu família e abriu uma rede de cinco restaurantes especializados em culinária turca. Ele também atuou como professor visitante da USP e lidera o Instituto Pelo Diálogo, voltado à promoção do intercâmbio entre culturas e religiões.

A defesa do empresário, representada pelo ex-secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, nega as acusações, classifica a prisão como ilegal e argumenta que se trata de uma tentativa de perseguição política por parte do governo turco. Segundo ele, por ser naturalizado, Mustafa não poderia ser extraditado.

O mandado foi emitido em abril por um juizado criminal da cidade turca de Izmir. O STF considerou que os documentos apresentados pelas autoridades estrangeiras cumprem os requisitos da Lei de Migração brasileira, incluindo a dupla tipicidad, já que os atos atribuídos ao acusado têm correspondente legal no Brasil.

A defesa pretende entrar com um pedido para revogação da prisão. Até lá, Göktepe segue detido aguardando os trâmites da extradição.