Especialistas apontam que diálogo entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU é improvável
O presidente Lula afirma que não vai negar cumprimento a Trump

Foto: Presidente Lula. Créditos: Oliver Kornblihtt/ Mídia Ninja /Dialogue Earth | Presidente Donald Trump. Créditos: Instituto Brasil- Israel (IBI)
Com a escalada das divergências política e comercial entre o Brasil e os EUA, especialistas apontam que o diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, durante a Assembleia Geral da ONU de 2025, que começa nesta semana em Nova York, é improvável. As informações são Giulia Granchi da BBC News Brasil.
Segundo o professor de política internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Paulo Velasco, tanto a posição do Brasil de defender a soberania sem qualquer interferência externa indevida, bem como a posição dos EUA em acreditar que estar agindo corretamente, são firmes e torna improvável qualquer diálogo.
Além disso, o professor aponta que Lula não se submeteria a uma situação constrangedora semelhante a que Volodymyr Zelensky passou na Casa Branca. À época, o encontro do presidente ucraniano com o estadunidense terminou com tensão e com Trump afirmando que Zelensky não era grato pelo apoio na guerra.
"Então eu acho que o Lula não se permitirá passar — pela experiência internacional que ele tem — por uma cena constrangedora ao lado do Trump. Particularmente estou bastante cético, e não acho que a gente vai ver uma aproximação na semana que vem entre os dois, talvez sequer um aperto de mãos entre eles.", concluiu.
Já o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Matias Spektor, afirma que no máximo será possível ver “sinais sutis, como linguagem corporal ou um cumprimento rápido”, e que não haverá tempo para negociações significativas.
Ele destaca que a Assembleia é utilizada como meio para definir o tom político global e indicar em que direção se movimenta o pensamento global, não sendo um local para negociar acordos e alianças. Ademais, os discursos devem ser voltados para os eleitores de cada país e não para outros países.
Em entrevista ao BBC, Lula afirmou que não tem problema pessoal com Donald Trump e que caso encontre o republicano nos corredores da Nações Unida irá cumprimentá-lo.
“Porque eu sou um cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo, eu estendo a mão para todo mundo.", disse.
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, afirmou em agosto à CNN que, apesar de um encontro formal entre os presidentes não estar entre os planos, “nada é imutável” desde que haja gestos que justifiquem uma reunião.