Estudo alerta: mudanças climáticas podem expandir infecções fúngicas graves até o fim do século
Pesquisa da Universidade de Manchester prevê que espécies do gênero Aspergillus avancem para novas regiões, expondo milhões de pessoas a riscos de saúde e ameaças à segurança alimentar

Foto: Angel Ros Die/Wikimedia
Um estudo recente da Universidade de Manchester alerta que as mudanças climáticas devem ampliar significativamente o risco de infecções fúngicas graves em todo o mundo. A pesquisa, intitulada “Deslocamentos geográficos impulsionados pelas mudanças climáticas no habitat de espécies de Aspergillus e as implicações para a saúde humana e vegetal”, utilizou modelagens climáticas para prever a expansão de três espécies do gênero Aspergillus — A. flavus, A. fumigatus e A. niger — até o fim deste século.
Os resultados indicam que, sob cenários de aquecimento severo, a distribuição dessas espécies pode avançar consideravelmente para o norte, atingindo novas áreas na Europa, América do Norte, China e Rússia. A área de ocorrência de A. flavus, por exemplo, pode aumentar em 16%, expondo mais 1 milhão de pessoas na Europa ao risco de infecção, enquanto A. fumigatus pode expandir sua presença em 77,5%, afetando potencialmente cerca de 9 milhões de pessoas a mais.
Esses fungos são responsáveis por infecções respiratórias graves, como a aspergilose, especialmente perigosas para indivíduos com sistemas imunológicos comprometidos. Além dos riscos à saúde humana, A. flavus também representa uma ameaça à segurança alimentar, por produzir aflatoxinas, substâncias tóxicas que contaminam culturas agrícolas.
O estudo reforça a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre os riscos das infecções fúngicas e de investir em pesquisas para melhorar os métodos de diagnóstico e tratamento, diante do avanço da resistência antifúngica e da escassez de opções terapêuticas eficazes.