Estudo atesta que presença de anticorpos contra coronavírus não garante imunidade
Foram analisadas 648 pessoas

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Um estudo feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que os anticorpos produzidos pelo organismo humano não são garantidores da imunidade. Ainda segundo a pesquisa, a maioria das pessoas com Covid-19 só desenvolve anticorpos específicos a partir de 20 dias após o surgimento dos primeiros sintomas. Ter anticorpos não é atestado de imunidade, apenas de exposição ao coronavírus.
Além disso, 40% das pessoas continuam positivas em testes moleculares (RT-PCR) após 15 dias do aparecimento dos sintomas, o que leva a sugerir que, potencialmente, continuam contagiosas, mesmo que os sinais da doença tenham desaparecido.
O estudo analisou resultados de testes de 648 pessoas e 1.536 amostras, o que o coloca entre os mais expressivos do mundo — destacou Orlando Ferreira, professor de imunologia e um dos coordenadores do Laboratório de Virologia Molecular (LVM/UFRJ), onde são feitas as análises sorológicas. — “Temos uma boa base de dados e vemos que ainda é impossível determinar prazos sobre o surgimento e a manutenção da imunidade de um indivíduo. Até o momento, há somente suposições”, afirmou.
Os testes são parte do trabalho da força-tarefa contra o coronavírus da UFRJ e foram realizados em profissionais de saúde de hospitais públicos e com o pessoal da universidade, atendidos no Centro de Triagem de Covid-19 da UFRJ, coordenado pela professora Terezinha Marta Pereira Pinto Castiñeiras.
De acordo com o virologista Amílcar Tanuri, também coordenador do LVM, só cerca de 30% dos indivíduos que apresentam anticorpos IgGs realmente têm anticorpos neutralizantes. Para um anticorpo oferecer proteção, ele precisa impedir que o vírus entre na célula.
Os testes de sorologia, os que detectam anticorpos, existentes no mercado hoje não são capazes de distinguir os anticorpos neutralizantes.
O mistério da imunidade natural
Anticorpos estão na base dos exames de sorologia, seja os rápidos ou os feitos em laboratório. E as mais de cem vacinas em teste no mundo também buscam estimular o organismo a produzi-los. Porém, anticorpos não são a única defesa do corpo humano. Existe a chamada imunidade celular, o ataque direto das células do sistema imunológico ao causador da Covid-19.
A imunidade celular pode ser a explicação de por que a maioria das pessoas infectadas pelo coronavírus não desenvolve a Covid-19 ou apresenta apenas um quadro leve da doença
Cientistas estão convencidos que a imunidade celular desempenha um papel importante. No entanto, ainda não desenvolveram meios de identificar quem são as pessoas imunes e quais são vulneráveis.