Estudo revela que alimentos ricos em açúcar e gordura podem alterar o cérebro

Efeito é comparado ao uso de drogas viciantes

[Estudo revela que alimentos ricos em açúcar e gordura podem alterar o cérebro]

FOTO: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Um estudo conduzido por cientistas do Instituto Max Planck de Pesquisa sobre Metabolismo, na Alemanha, apontou que alimentos ultraprocessados, que geralmente são ricos em açúcar e gordura, podem causar mudanças significativas em nosso cérebro. A pesquisa foi publicada na revista Cell Metabolism em março deste ano. 

Segundo os pesquisadores, o consumo regular desses alimentos, mesmo em pequenas quantidades, pode levar nosso cérebro a desenvolver preferência por eles no futuro. A atividade cerebral dos voluntários envolvidos no estudo mostrou um aumento na resposta do sistema dopaminérgico, relacionado à motivação e recompensa.

O sistema dopaminérgico é amplamente associado ao vício em drogas, e agora também se evidencia sua relação com alimentos não saudáveis. A dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e recompensa, desempenha um papel fundamental nesse processo. Quando uma pessoa consome drogas, ocorre a liberação de substâncias químicas no cérebro, ativando o sistema dopaminérgico e proporcionando uma intensa sensação de prazer. Com o uso repetido das drogas, o cérebro associa essa sensação a seu consumo, resultando em uma busca compulsiva pela substância, mesmo que isso cause danos físicos, emocionais ou sociais.

Nesse contexto, o sistema dopaminérgico desempenha um papel crucial na formação do vício e na dificuldade de superá-lo.

Outros estudos realizados nos últimos anos têm trazido descobertas sobre como o consumo de alimentos doces e gordurosos pode afetar o cérebro e influenciar nossos hábitos alimentares, em alguns casos estimulando comportamentos cerebrais viciosos semelhantes aos de dependentes químicos.

Uma revisão de estudos realizada por pesquisadores do Oregon Research Institute, em 2011, também destacou a variabilidade nas respostas do sistema dopaminérgico a estímulos alimentares, como alimentos doces e gordurosos.

Por meio do uso de imagens cerebrais, os cientistas observaram que indivíduos com obesidade tendem a apresentar maior ativação em áreas do cérebro relacionadas à recompensa ao serem expostos a alimentos saborosos.

Um estudo pioneiro publicado na revista Neuron em 2003 utilizou ressonância magnética funcional para investigar as respostas cerebrais à intensidade e à valência afetiva de soluções doces. Os pesquisadores descobriram que diferentes áreas do cérebro são ativadas em resposta à intensidade do sabor doce e à sua valência emocional, evidenciando que o cérebro processa essas informações de maneiras distintas.

A forma como alimentos palatáveis, como muitos ultraprocessados, afetam o cérebro também tem sido objeto de investigação. Em um artigo na revista Nature Reviews Neuroscience, o pesquisador Paul J. Kenny destaca a existência de mecanismos celulares e moleculares compartilhados entre a obesidade e o vício em drogas.

"Alimentos saborosos e drogas de abuso podem desencadear adaptações moleculares comuns nos sistemas de recompensa do cérebro, incluindo aumentos no fator de transcrição ΔFosB. Essas respostas neuroadaptativas provavelmente contribuem para o desenvolvimento da obesidade e do vício", escreveu o autor.

Embora esses estudos forneçam evidências importantes sobre como o cérebro responde aos alimentos doces e gordurosos, ainda é necessario mais pesquisas para uma compreensão completa desses processos.


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