Experiência com ratos dão pistas de como funciona relação das pessoas com as redes sociais
Roedores chegaram a ignorar as recompensas de açúcar para continuar apertando o botão da câmera fotográfica

Foto: Augustin Lignier/ Redes Sociais
Inspirado no behaviorista B.F. Skinner que criou uma câmara de testes para estudar a aprendizagem em ratos, o artista profissional Augustin Lignier construiu uma uma cabine fotográfica para ratos visando entender a relação humana com as redes sociais.
A caixa de Skinner, como ficou conhecida, distribuía comida quando os ratos pressionavam uma alavanca. Assim, os cientistas descobriram que os ratos em busca de recompensas tornaram-se profissionais em ativar a alavanca, empurrando a barra para baixo repetidamente em troca de diversas recompensas.
Baseado nessa experiência, Lignier, durante a sua pós-graduação em Paris, ficou intrigado com o fato das pessoas estarem sempre fotografando suas vidas e compartilhando online. Com isso, ele construiu uma versão da caixa de Skinner: uma torre alta e transparente com uma câmera acoplada, e pôs dentro dela dois ratos de uma loja de animais.
Toda vez que os ratos apertavam o botão dentro da caixa, recebiam uma pequena quantidade de açúcar, e a câmera tirava uma foto. As fotografias eram exibidas em uma tela para que os ratos pudessem ver.
Após essa fase do treino, as recompensas passaram a ser mais imprevisíveis. Apesar de serem fotografados toda vez que apertavam o botão, a recompensa doce aparecia apenas de vez em quando, intencionalmente. Segundo cientistas, esses tipos de recompensa intermitentes podem ser especialmente poderosas, mantendo os animais executando a ação várias vezes em busca do próximo prêmio.
Diante da imprevisibilidade das recompensas, os ratos, chamados de Augustin e Arthur, persistiram. Às vezes, eles ignoravam o açúcar mesmo quando ele chegava, disse Lignier, e continuavam apertando o botão. Para o artista, o paralelo é óbvio.
“As empresas de mídia digital e social usam o mesmo conceito para manter a atenção do usuário pelo maior tempo possível.” Comparou.
As redes sociais estão sendo descritas como “uma caixa de Skinner para o ser humano moderno”, distribuindo recompensas periódicas e imprevisíveis. Uma curtida, um novo seguidor, um "match" promissor são essas recompensas que nos mantêm conectados o tempo todo.
Ou talvez estar conectado seja a própria recompensa. Um estudo de 2014 aponta que muitos voluntários humanos “preferiam administrar choques elétricos a si próprios em vez de serem deixados sozinhos com os seus pensamentos”. Talvez prefiramos ficar sentados e apertar quaisquer alavancas, mesmo que elas nos façam sentir mal, que icar sentados em contemplação silenciosa.