Sífilis pode ter origem brasileira, aponta estudo

Pesquisadores encontraram DNA do microorganismo em ossos humanos de 2.000 anos achados em Santa Catarina

Por Da Redação
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Sífilis pode ter origem brasileira, aponta estudo

Foto: José Filippini/USP/divulgação

Um estudo genético realizado por cientistas europeus em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP), revela novas perspectivas sobre a sífilis, sugerindo que a doença pode ter suas origens em terras brasileiras. O trabalho, publicado nesta quarta-feira (24),  na revista Nature, descreve a descoberta do DNA da bactéria Treponema pallidus, causadora da sífilis, em ossos com mais de 2.000 anos provenientes do sítio arqueológico Jabuticabeira II, localizado em Santa Catarina.

Os primeiros registros históricos da sífilis na Europa datam do final do século 15, coincidindo com o retorno de Cristóvão Colombo à Espanha após suas viagens às Américas. A hipótese de que a sífilis tenha surgido no Novo Mundo já existia, mas faltava uma prova direta. O estudo brasileiro-europeu preenche essa lacuna, oferecendo evidências concretas da presença da Treponema pallidus em ossos de sambaquianos enterrados há dois milênios.

A pesquisa teve início nos anos 1990, quando cientistas da USP exploraram o sítio arqueológico Jabuticabeira II, um sambaqui construído ao longo de séculos. Fragmentos de ossos humanos com características sugestivas de doenças despertaram o interesse dos pesquisadores, levando a uma colaboração com especialistas europeus em DNA antigo.

Utilizando uma técnica de análise chamada "relógio molecular", que mede a taxa de mutações genéticas ao longo do tempo, os cientistas compararam o DNA encontrado em Jabuticabeira II com amostras mais recentes. Os resultados sugerem que a sífilis pode ser muito mais antiga do que as primeiras incursões europeias nas Américas, possivelmente datando de períodos anteriores à chegada dos primeiros humanos ao continente há mais de 12 mil anos.

"Com certeza, 2.000 anos atrás, as pessoas sepultadas em Jabuticabeira já tinham essa sífilis endêmica", afirma Sabine Eggers.

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