• Home/
  • Notícias/
  • Brasil/
  • Falta de atividade física regular pode provocar maior risco de morte por Covid-19, diz pesquisa

Falta de atividade física regular pode provocar maior risco de morte por Covid-19, diz pesquisa

Em entrevista, especialistas falam sobre a importância de manter-se ativo

Por Ane Catarine Lima
Ás

Falta de atividade física regular pode provocar maior risco de morte por Covid-19, diz pesquisa

Foto: Divulgação

A manutenção do exercício físico no contexto atual da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus,  juntamente à restrição de mobilidade e isolamento social é fundamental. Segundo um estudo publicado pelo jornal britânico ‘British Journal of Sports Medicine', o sedentarismo está associado a uma maior chance de morte por covid. Embora o contexto atual seja propício para o aumento do sedentarismo, muitas pessoas não deixaram de se movimentar durante o isolamento social e há casos também de pessoas que desenvolveram a prática e a tornaram um hábito saudável somente durante a pandemia.  

A disseminação da importância da prática física para o melhor  funcionamento do sistema imunológico é o motivo para o aumento da busca. Além disso, os exercícios também oferecem melhora nos diversos marcadores imunológicos de doenças como câncer, HIV, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e ajudam ainda no controle de transtornos psiquiátricos como, por exemplo, a ansiedade e depressão.

O estudo foi realizado com aproximadamente 50 mil pacientes, e o resultado final indicou que pacientes que fizeram pouca atividade física nos últimos dois anos ficaram mais propensos à internação por Covid-19. Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram a evolução do quadro de 48.440 adultos que foram infectados entre janeiro e dezembro de 2020. Durante a análise dos casos, os marcadores levados em conta foram o estilo de vida dessas pessoas, o sedentarismo e a necessidade de hospitalização desses pacientes. Os resultados mostram ainda que idade avançada e histórico de transplante de órgãos superam o sedentarismo entre os fatores de risco para o progresso do novo coronavírus no organismo. Porém, quando o sedentarismo é comparado a doenças cardíacas, câncer e obesidade, a falta de atividade física é mais decisiva para a piora do quadro.

O personal trainer Gutemberg Vieira disse, em entrevista ao Farol da Bahia, que a Covid-19 hoje está infectando pessoas jovens e saudáveis e, portanto, a prática regular do exercício físico ajuda, em muitos casos, a manter esses pacientes em um quadro clínico estável. Segundo ele, ter um histórico de vida ativa ajuda os pacientes a responderem melhor ao tratamento do novo coronavírus.

“Embora essa doença atinja as pessoas de forma singular, a possibilidade e a probabilidade de que pessoas ativas tenham uma melhor recuperação da covid é maior. Ao ser contaminada, é comum que a pessoa fique muito desidratada e perca massa muscular. Portanto, ter um corpo ativo é importante nesse momento. Pessoas ativas têm uma chance de recuperação bem maior”, afirmou. 

O educador físico Done Santos reforçou, também em entrevista ao Farol da Bahia, os benefícios de movimentar o corpo. Segundo ele, além da melhoria no sistema imunológico, a prática de atividade física contribui para a proteção e o combate às doenças crônicas, que podem agravar as consequências da covid. “Promove também a sensação de bem-estar, proporcionando prazer e relaxamento. Além disso, assegura benefícios psicológicos e contribui para a saúde mental”, disse. 

Entre os participantes do estudo 62% eram mulheres, com idade média de 47 anos e Índice de Massa Corpórea (IMC) médio de 31 (um pouco acima do considerado obesidade). Metade do grupo não tinha doenças prévias, 20% tinham uma comorbidade (como doença pulmonar crônica e diabetes) e 32% tinham duas ou mais comorbidades. Os participantes também declararam seu nível de atividade física desde 2018: 15% disseram que não fazia nenhum exercício por semana, 7% declararam fazer atividades regularmente (mais de 150 minutos por semana) e os outros diziam fazer algum tipo de exercício (até 149 minutos). Dentre os quase 50 mil pacientes, 9% precisaram de internação médica, e dois morreram. Assim, o estudo concluiu que pessoas hospitalizadas com Covid-19 que tinham hábitos de sedentarismo tinham mais que o dobro de chances de desenvolver sintomas graves da doença quando comparados a quem fazia exercícios.

Novos hábitos

Com o surgimento da pandemia, a maneira de viver mudou. O trabalho de uma grande parte das pessoas passou a ser home office, o distanciamento social foi necessário e locais como parques e academias foram fechados em muitos lugares. Devido às mudanças, as formas de se manter ativo e saudável também passaram por adaptações. Segundo o educador físico Done Santos, no primeiro mês da pandemia, em março de 2020, houve uma queda na busca por atividades físicas, mas após uma adaptação eficaz e segura a busca voltou a crescer.

“No primeiro mês da pandemia houve uma queda no número de pessoas, por conta do fechamento de academias, arenas, espaços esportivos e principalmente por conta do medo de não saber lidar com o novo vírus. Mas nos meses seguintes isso mudou, e a busca aumentou bastante, foram criados novos hábitos e estratégias para continuar realizando atividades físicas”, disse.

“Nesse período, as atividades foram adaptadas para serem realizadas em casa. As pessoas que buscam manter o funcionamento do sistema imunológico e, consequentemente, se manter saudável puderam continuar com suas rotinas de atividade física e ainda assim continuar em isolamento social. Por meio da internet foram criadas várias maneiras para poder orientar de forma segura todos que buscam continuar praticando atividade física”, completou. 

Essas novas formas de praticar exercícios físicos são recomendadas por Luiza Lima, de 19 anos. Em entrevista ao Farol da Bahia, a jovem contou que antes da pandemia não se interessava muito pela vida saudável, principalmente, porque não se sentia confortável na academia. Segundo ela, o interesse por práticas mais saudáveis surgiu na pandemia como forma de aliviar as sensações de ansiedade. “Comecei a acompanhar lives no Instagram e assistir vídeos no YouTube de exercícios físicos para iniciantes. Hoje, eu já consigo realizar exercícios mais avançados. Não tem desculpa para não praticar alguma atividade física hoje em dia”, disse.

Já Lara Costa, de 23 anos, disse que sempre teve uma vida ativa de exercícios na academia e precisou se adaptar à pandemia. Apesar de algumas academias terem retomado as atividades presenciais, ela disse que prefere fazer os exercícios em casa, com consultoria online, porque ainda não se sente segura. “É necessário se exercitar de maneira confortável e segura. Nesse momento, temos que  priorizar a saúde. Prefiro praticar exercícios em casa até a vacinação. O importante é não ficar sedentário”, disse.

Done Santos recomenda que as pessoas voltem o quanto antes a realizar atividades físicas. “É importante voltar e não deixar de fazer exercícios, claro que de forma segura e respeitando todos os protocolos de segurança”.

Gutemberg Vieira reforça: "Durante as práticas fora de casa, as pessoas precisam respeitar o distanciamento social, usar máscaras e álcool em gel. Se for caminhar na orla, por exemplo, busque realizar essa atividade em um horário menos movimentado. As academias também estão trabalhando com restrição de horário, com agendamento e respeitando os protocolos de segurança. Além disso, profissionais qualificados estão realizando consultoria online para as pessoas que preferem ficar em casa. Tem várias opções para se manter saudável durante a pandemia, só não pode ficar parado”. 
 


 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário