Faroeste: Maurício Barbosa é acusado de montar sistema de monitoramento ilegal
No documento, a subprocuradora-geral Lindôra Araújo denuncia o ex-SSP-BA de tentar impedir investigações e manipular dados

Foto: Alberto Maraux/SSP
Em meio à investigação do esquema de corrupção e grilagem que envolve a cúpula do Judiciário na Bahia, a Operação Faroeste descobriu a existência de um sistema de monitoramento ilegal controlado pelo ex-secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Maurício Barbosa. As informações são do site O Antagonista.
Barbosa foi denunciado pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo, em julho deste ano, com mais 15 investigados. Na peça, ela o acusa de tentar "impedir e embaraçar" as investigações.
Segundo a acusação, Maurício Barbosa tinha controle sobre “todas as investigações criminais sigilosas produzidas pela Polícia Civil da Bahia, bem como suas operações, com antecipação de investigações, manipulação de dados obtida no bojo de interceptação telefônica, conhecimento prévio de quebra de sigilo bancário e fiscal, com hipóteses de vazamento conteúdo teoricamente".
De acordo com as apurações da reportagem, o esquema teria sido iniciado em 2011, quando Barbosa foi nomeado pelo então governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) e depois pelo atual gestor do Estado, Rui Costa (PT), sendo exoneração em dezembro de 2020, após ser alvo da Faroeste.
Segundo a denúncia de Lindôra, o ex-secretário e o desembargador Gesivaldo Britto teriam montado um "gabinete" especializado em grampear os desembargadores.
O esquema de grilagem, conforme o documento, era comandado pelo empresário Adailton Maturino, com a participação dos desembargadores Gesivaldo Britto e Maria do Socorro — que também presidiu a Corte estadual e foi nomeada para do TJ por Wagner.
Uma gravação anexada aos autos da desembargadora Sandra Inês, que virou delatora, afirma que Barbosa “é daquele que faz a ‘grampologia’ todinha. E depois faz chantagem com as pessoas”. Segundo ela, o então secretário de Segurança teria “meio tribunal” grampeado. “Eles são terríveis. Aí eles botam grampo na (inaudível), em todas as pessoas que eles conhecem. Maurício Barbosa tá com meio tribunal (inaudível).”
Além de grampear as conversas, Barbosa também é acusado pela Procuradoria-Geral da República de controlar empresas de segurança privada e ostentar patrimônio incompatível com seu salário.
Na denúncia, Lindôra diz que o ex-secretário “acumulou patrimônio imobiliário na capital baiana e no litoral norte, dois automóveis de luxo, quais sejam a BMW X6 e a BMW 320i, além de seis armas de fogo registradas em seu nome, sendo três delas pistolas Glock112”.
“As notas fiscais apreendidas demonstram que foi gasto o montante de R$ 218.000,00, em aproximadamente três meses, nos seguintes dias: a) no dia 11/06/2020 foram pagos R$ 83.000,00; b) no dia 03/07/2020 foram pagos R$ 65.000,00; c) no dia 17/09/2020 foram pagos R$ 70.000,00.114.”