• Home/
  • Notícias/
  • Brasil/
  • Festas juninas ganham clima de megaeventos em escolas, mas também queixas de preços altos

Festas juninas ganham clima de megaeventos em escolas, mas também queixas de preços altos

Cobrança por mesas, ingressos caros e clima de balada geram críticas em festas juninas escolares

Por FolhaPress
Ás

Festas juninas ganham clima de megaeventos em escolas, mas também queixas de preços altos

Foto: PxHere

Cartões por aproximação substituem os antigos tíquetes em papel. O ingresso pode ser obtido online. O sistema de som está robusto e com tecnologia de ponta. Festas juninas ficaram mais modernas, com novas soluções ecológicas e sustentáveis, mas também ganharam reclamações de preços altos.

"É gritante a questão do preço", diz Rodrigo Baili, cuja filha de cinco anos estuda no Colégio Regina Mundi, na Vila Morais, zona sul de São Paulo. "Você compra mesa. Até para sentar tem que pagar ainda mais. É como comprar um camarote."

Na escola, outro fator o fez se lembrar de baladas: o valor dos ingressos variava por lote, de R$ 23 a R$ 30, e o mais caro era para quem deixasse para comprar na porta. Ele brinca que pelo preço que pagou estava esperando até uma dupla sertaneja famosa. "Achei estranho, mas são os novos tempos. Até as danças estão parecendo mais uma festa das nações do que junina. Uma pena."

Pelas redes sociais, as reclamações revelam um sentimento nostálgico diante das mudanças nas quermesses e, principalmente, espanto com os preços. "Cinquenta reais na entrada de uma festa junina? Tá todo mundo maluco?", questionou a doutoranda Thais Batelli, 28, em uma publicação.

"Estão transformando tudo em um grande evento", diz ela à reportagem. Moradora de Osasco, na Grande São Paulo, Thais afirma sentir falta das festas de bairro. No ano passado, deixou de ir à festa junina da escola da sobrinha, que aconteceu em um parque e cobrava R$ 50 de entrada. Neste ano, o irmão nem a convidou. "Acho que ele entendeu que o preço era abusivo."

Em Mariana, no interior de Minas Gerais, Francine Damas compartilha da mesma frustração. Pelas redes, ela reclamou que, quando achava que não dava para gastar mais, descobriu que até a festa da escola tinha preços altos, como R$ 5 por uma garrafa de água.

Mesmo antes de chegar a uma quermesse, ela já sabia quanto gastaria: a irmã costuma divulgar os preços no grupo da família, para ninguém ser pego de surpresa. "Fiquei chateada de ter que pagar R$ 10 só para entrar", diz ela, que, acompanhada de duas crianças, calcula ter gasto quase R$ 60 ao todo.

Em colégios tradicionais de São Paulo, o lado moderno se misturou ao tradicional, mas por uma boa razão. É o caso de escolas como o Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, zona oeste, e o Colégio Magno, no Jardim Marajoara, zona sul, que implementaram o uso de cartões de consumo nos últimos anos. No primeiro, a prática ajuda o meio ambiente ao evitar impressão de papel; no segundo, a solução agiliza filas e facilita o controle do evento.

Neste ano, os cartões do Magno foram disponibilizados antes mesmo do início da festa, para que as famílias pudessem carregá-los antecipadamente. A escola também investe em estrutura de som e iluminação com tecnologia de ponta, garantindo qualidade e respeitando o fluxo do público.

O tamanho das festas varia de escola para escola. O Santa Cruz afirma manter o público estável, com cerca de 9.000 pessoas por edição. O Magno diz que reuniu 5.500 pessoas neste ano, um aumento de mais de 30% em relação a 2023.

No Gracinha, colégio localizado no Itaim Bibi, zona oeste paulistana, que também adotou cartões recarregáveis no ano passado, os ingressos passaram a ser vendidos online, pela plataforma Sympla. A mudança resultou em mais agilidade, organização e controle, segundo a escola. Parte das barracas tem caráter beneficente: a renda é revertida para atividades pedagógicas externas e para o fundo de bolsas de estudo filantrópicas.

A Escola da Vila, que fica no Butantã, também na zona oeste, por sua vez, optou por simplificar. Depois de testar cartões de aproximação, que acabaram gerando transtornos, decidiu facilitar a experiência do público. Agora, quem vai ao arraial pode pagar diretamente com cartão de crédito ou débito. A entrada é gratuita, mas há ingressos solidários online, cujo valor — de R$ 50 a R$ 400 — é destinado ao projeto de bolsas de estudo da escola.

Antes, as contribuições vinham em forma de doações de alimentos, o que exigia logística extra para distribuição. "Com o valor em dinheiro, conseguimos sustentar o projeto por mais tempo e beneficiar mais famílias", diz Luísa Furman, coordenadora do setor cultural da Escola da Vila.

Para o consultor Christian Rocha Coelho, do Grupo Rabbit, cada vez mais escolas têm terceirizado a festa junina. Com isso, o lucro nas festas despenca e as festas acabam sendo promovidas mais para manter a tradição do que ganhar dinheiro.

"Pais não conseguem mais ajudar nas festas como antes, que participavam ativamente", diz Coelho, que também vê aumento de reclamações sobre as festas e atividades extras dos colégios devido ao aumento do preço das comidas e à queda do poder aquisitivo das famílias.

Uma das escolas que optou por terceirizar algumas atrações é a Criativa, na Vila Olímpia, zona oeste. De origem cristã, a escola promove festividades com outros nomes e não celebra o São João. Neste ano, a temática foi Festa Country, mas já houve anos em que foi celebrada a cultura nordestina, segundo a mantenedora do colégio Sheila Okagawa. "A gente consegue manter a cultura em relação às brincadeiras e comidas típicas, apenas não relacionamos a determinado santo", diz ela.

LEIA TAMBÉM:

 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário

Nome é obrigatório
E-mail é obrigatório
E-mail inválido
Comentário é obrigatório
É necessário confirmar que leu e aceita os nossos Termos de Política e Privacidade para continuar.
Comentário enviado com sucesso!
Erro ao enviar comentário. Tente novamente mais tarde.