Fiocruz diz que imunizar crianças contra Covid-19 é fundamental para imunidade coletiva
Vacinação com a Pfizer já foi liberada pela Anvisa, mas ainda não é aplicada

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Um estudo inédito realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que a vacinação de crianças contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, é essencial para que o Brasil atinja os patamares mínimos de imunização necessários para a proteção coletiva da população. O estudo foi submetido à Revista Brasileira de Epidemiologia e apresentado em formato preprint na última terça-feira (21).
A divulgação ocorre em meio à polêmica que envolve a vacinação dos menores de 5 a 11 anos. No estudo, os pesquisadores analisam a evolução da cobertura vacinal no país e revelam que o ritmo do avanço da imunização vem caindo sistematicamente desde setembro e já chegou, praticamente, à estagnação.
Caso essa tendência se confirme, teríamos, ao fim do processo, cerca de 75% da população vacinada, o que é muito pouco para a proteção coletiva. O ideal seria termos, no mínimo, 85%. Para os pesquisadores, sem as crianças, será impossível alcançar esse percentual. O estudo aponta, ainda, que a principal forma de superar a curva de estagnação é ampliar as faixas etárias elegíveis para a vacinação, com a imunização das crianças de 5 a 11 anos.
Embora o uso da vacina da Pfizer já esteja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa faixa etária, o governo ainda não disponibilizou o imunizante. De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid-19 no país desde o início da pandemia. O número corresponde a 0,18% do total dos óbitos. Entretanto, supera o total de mortes infantis por doenças preveníveis com vacinação ocorridas entre 2006 e 2020 no Brasil (955).
"É muito menos criança do que idoso atingido, mas não é um risco que pode ser ignorado", afirma o pesquisador Raphael Guimarães, do Observatório Covid-19 da Fiocruz e um dos autores do estudo. "Além do mais, a escassez de leitos de UTI neonatal e pediátrica é um problema crônico do Brasil, bem conhecido, bem documentado", completou.