Fraude no INSS atinge majoritariamente aposentados da zona rural
Mais de R$ 2,8 bilhões foram descontados de beneficiários do campo

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A maior parte dos afetados pelo esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS é composta por aposentados da zona rural, segundo inquérito da Polícia Federal obtido neste sábado (3). Eles representam 67% das vítimas, com perdas que somam R$ 2,87 bilhões. Os demais 33% correspondem a beneficiários urbanos, que tiveram R$ 1,41 bilhão descontado sob o pretexto de contribuições associativas.
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A investigação aponta que a dificuldade de acesso à internet e a limitações para deslocamento dificultaram a contestação dos descontos por parte da população rural. Em 19 dos 186 municípios analisados, localizados nos estados do Maranhão e do Piauí, ao menos 60% dos aposentados e pensionistas apresentaram registros de descontos mensais para as associações.
Entre janeiro de 2019 e março de 2024, o total movimentado pelas entidades associativas chega a R$ 4,28 bilhões. A principal beneficiária foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que recebeu cerca de R$ 2,1 bilhões, quase metade de todo o valor.
A Polícia Federal segue apurando as responsabilidades e o envolvimento das entidades nesse esquema.
Escândalo do INSS: Carlos Lupi pede demissão do ministério da Previdência
O ministro Carlos Lupi pediu demissão do ministério da Previdência nesta sexta-feira (2), em meio à crise dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
"Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade", afirmou em rede social. "Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso."
De acordo com o Planalto, Lula convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE), atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro.
Apesar da ausência de provas de sua participação no esquema, prevaleceu no governo a ideia de que ele não tomou providências para deter o problema e também não reagiu como deveria após a explosão do caso.
Lupi se reuniu durante a tarde com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo um interlocutor do agora ex-ministro, o chefe da Previdência estava "muito desconfortável" desde o anúncio da escolha do novo presidente do INSS, da qual ele não participou. O procurador Gilberto Waller Júnior foi escolhido para chefiar o instituto, em substituição a Alessandro Stefanutto, demitido após operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) para combater o esquema de descontos ilegais.