Gabinete Paralelo atuava na Secom do governo, diz Polícia Federal
Conhecido como Gabinete do Ódio, foi citado em relatório

Foto: Reprodução/Facebook
Um grupo de assessores que fazem parte do chamado "Gabinete do ódio" relataram a Polícia Federal (PF) que atuavam junto a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Em depoimento a PF, no inquérito que investiga atos antidemocráticos, Tércio Thomaz, apontado como o líder do grupo, confirmou que dois assessores, identificados como José Matheus Salles Gomes e Mateus Diniz, trabalhavam com ele.
O "Gabinete do ódio" é o nome dado ao grupo de assessores que trabalham no Palácio do Planalto com foco nas redes sociais, na gestão de páginas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de ataque a adversários políticos. Em depoimento, Thomaz contou que trabalha em "uma sala situada no 3º andar do Palácio do Planalto e que compartilha a sala com José Matheus e Mateus Diniz.
Os três trabalharam junto com o presidente e tem ligação com o vereador Carlos Bolsonaro (RJ-sem partido). Nenhum dos profissionais tem qualquer formação na área de comunicação. À PF, José Matheus afirmou que a "atribuição é de acompanhar a agenda do presidente da República, realizar a análise de cenário da internet (pautas do dia, temas que podem ser polêmicos ou de interesse do governo) para assessorar o presidente da República na tomada de decisões".
De acordo com o assessor, a Secom realiza o trabalho de comunicação, mas ele "atua no sentido de auxiliar estrategicamente essas abordagens". Diniz também confirmou trabalhar próximo ao presidente, ele afirmou que sua função é assessorar Bolsonaro em "assuntos relacionados à área de comunicação". O assessor diz atuar como um intermediário entre a Secom e a Presidência da República.
Tércio é apontado como o principal suspeito de controlar perfis que promoviam ataques antidemocráticos. Uma das páginas derrubadas pelo Facebook era controlada diretamente do Palácio do Planalto. O mesmo usuário acessou a perfil de Thomaz no aplicativo.
"O único gabinete que eu conheço é o gabinete da Secretaria Especial de Comunicação. O senhor Tércio nunca fez parte do quadro da Secom", disse ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten na CPI da Covid sobre uma possível atuação de Thomaz na Secom.