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Governo da Polônia lança ofensiva contra historiadores do Holocausto

Estudiosos apontam cumplicidade do país com prática

Por Da Redação
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Governo da Polônia lança ofensiva contra historiadores do Holocausto

Foto: Reprodução/Getty Images

A História da Segunda Guerra Mundial na Polônia, especialmente da perseguição aos judeus por seus vizinhos católicos, continua com muitas lacunas sombrias, em especial por ser um campo de pesquisa recente que começaram a se tornar públicos após a queda do regime comunista em 1989. No entanto, o governo que atualmente é comandado pelo partido ultranacionalista Lei e Justiça (PiS), lançou uma ofensiva legislativa contra a investigação independente, culminando, primeiramente, na condenação contra dois pesquisadores nessa terça-feira (9), e no interrogatório de um jornalista pela polícia. 

O professor da Universidade de Ottawa e ganhador do prêmio Yad Vashem por seu trabalho sobre a Shoah, Jan Grabowski, e Barbara Engelking, diretora do Centro Polonês de Pesquisa do Holocausto, foram condenados a retificar um parágrafo de um ensaio de 1.600 páginas intitulado “Noite sem fim: O destino dos judeus na Polônia ocupada”. Eles devem retificar e pedir desculpas para que não paguem uma multa de 22 mil euros pedida pelo autor da ação. Grabowski acredita que a sentença causa enormes danos à investigação do Holocausto. 

No livro, eles argumentam que o então prefeito da cidade de Malinowo, no noroeste da Polônia, Edward Malinowski, roubou uma mulher judia que resgatou e entregou aos nazistas o paradeiro de judeus escondidos em uma floresta. Os pesquisadores foram denunciados pela sobrinha do prefeito, Filomena Leszczynska, de 80 anos, que contou com o apoio de entidades ligadas ao Lei e Justiça, como a Liga Polonesa Contra a Difamação e o Instituto Nacional da Memória.

Paralelamente, a jornalista Katarzyna Markusz, colaboradora do site jewish.pl e que escreve para a Agência Telegráfica Judaica, foi interrogada pela polícia nesta quinta-feira (11) por ordem de um promotor de um distrito de Varsóvia. Como a própria Markusz relatou na quarta-feira (10) por e-mail, ela é acusada de insultos contra a nação polonesa por ter escrito o seguinte questionamento em um artigo: “Viveremos para ver o dia em que as autoridades polonesas vão admitir que, entre os poloneses, em geral, não houve simpatia pelos judeus e que a participação polonesa no Holocausto é um fato histórico?”

A Polônia foi um dos países que mais sofreu durante a longa noite do terror nazista. Ocupados desde o início do conflito por nazistas e soviéticos, seis milhões de poloneses foram mortos pelo Terceiro Reich, incluindo três milhões de judeus. A Alemanha nazista instalou seis campos de extermínio em seu território, de cuja operação os poloneses não participaram. Além do mais, eles foram vítimas neles: Auschwitz, por exemplo, foi inaugurado como um campo de concentração destinado primeiramente a poloneses e prisioneiros soviéticos. Tampouco existiu colaboração do governo e a resistência foi constante.

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