Grupo paramilitar no Sudão aceita trégua após dois anos de guerra

Proposta de cessar-fogo visa diminuir violência no país

Por Da Redação
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Grupo paramilitar no Sudão aceita trégua após dois anos de guerra

Foto: Divulgação/RFS

O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) anunciou nesta quinta-feira (6) que aceitou uma proposta dos Estados Unidos, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito para a implementação de um cessar-fogo humanitário no Sudão, depois de dois anos e meio de guerra civil que causou milhares de mortes e milhões de deslocados. O grupo também se declarou aberto a negociações para interrupção total das hostilidades.

O comunicado das RSF surge ao menos de duas semanas depois do grupo consolidar o domínio sobre a cidade de Al-Fashir, principal reduto da região de Darfur Ocidental, no oeste do país.

A tomada de Al-Fashir aconteceu após 18 meses de cerco, bombardeiros e fome. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 65 mil pessoas fugiram, mas milhares seguem presas na cidade, que antes da ofensiva tinha aproximadamente 260 mil habitantes.

“As Forças de Apoio Rápido aguardam a implementação do acordo e o início imediato das discussões sobre os mecanismos para a cessação das hostilidades e os princípios fundamentais que orientarão o processo político no Sudão”, disse o grupo em nota oficial.

Histórico de impunidade em Darfur:

  • O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou na última segunda-feira (3) a abertura de novas investigações sobre crimes de guerra e eventuais atos de genocídio em Darfur, região oeste do Sudão, que foi devastada pela guerra civil;
  • O TPI já havia indiciado o ex-ditador Omar al-Bashir por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade em 2009, depois do primeiro ciclo de violência em Darfur;
  • Bashir nunca foi entregue ao tribunal e segue sob custódia das Forças Armadas sudanesas desde o golpe de 2021;
  • Diante do colapso institucional atual, especialistas destacam que a impunidade histórica abriu caminho para a repetição dos massacres, agora comandado pelas RSF e líderes locais;
  • A ONU e as organizações como Human Rights Watch e a Anistia Internacional já enviaram ao TPI relatórios com evidências de execuções sumárias, estupros em massa e utilização de fome como arma de guerra.

O controle de Al-Fashir e de Darfur Ocidental põe as RSF em posição estratégica no país, tornando uma eventual trégua favorável ao grupo do ponto de vista militar. Organizações de ajuda humanitária, como a Médicos Sem Fronteiras (MSF), seguem prestando atendimento a deslocados e feridos, em clínicas improvisadas nas regiões atingidas pelos combates.

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